segunda-feira, 11 de maio de 2009

Liberdade para os prisioneiros do Império


Coordenação Continental Bolivariana – Seção Uruguai

Marcha 11 de maio, a partir do Paço Municipal até a Praça da Liberdade, pela liberdade dos 5 cubanos, Sonia e Simon Trinidad, todos prisioneiros do Império.

Se completam 10 anos do encarceramento de René Gonzalez, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e Gerardo Hernandez. Estes 5 heróis cubanos foram injustamente condenados pelo governo estadunidense a penas que somam quatro prisões perpétuas mais 77 anos de prisão.

Em situação semelhante se encontram os dois guerrilheiros das FARC-EP, Sonia e Simon. A quem se tem negado o direito universal a defesa jurídica. Todas as testemunhas levadas de Bogotá para apresentar falsas declarações contra eles nas cortes do império são agentes do exército da Colômbia. Todos têm sido derrotados pelas idéias e convicções de Simon, a quem não têm permitido testemunhas favoráveis.

Os julgamentos que se seguem contra Simon e Sonia nos Estados Unidos são uma farsa do começo ao fim. Os dois foram arrancados de seu país burlando com armações da Procuradoria, do exército e do próprio Uribe, a proibição constitucional de extradição de nacionais por razões políticas. Todos vivem presos em masmorras, em condições subumanas, onde não lhe são permitidas sequer as visitas de suas esposas e/ou familiares.

No marco desta campanha de solidariedade a Cuba e com todos os reféns do império, nos mobilizamos desde a explanada da IMM até a Praça da Liberdade, neste 11 de maio às 19:00 hs.

Enlace original

sábado, 2 de maio de 2009

1º de maio: dia do trabalho ou do trabalhador?

Há algum tempo temos visto um crescimento sem precedentes de referências ao dia 1º de maio como “dia do trabalho”, tanto na imprensa, em agendas oficiais e até mesmo na marcação de calendários ao referir-se à razão do feriado.

Não raro, inclusive, vemos alguns apresentadores de televisão, jornais e rádio, comentaristas, políticos e palpiteiros em geral, fazendo piada sobre “o dia do trabalho” ser feriado. E também não raro, vemos esses mesmos fazendo piada sobre “o brasileiro não querer trabalhar nem mesmo no ‘dia do trabalho’.”.

De outro lado, vemos o cada vez mais despolitizado e esvaziado movimento sindical brasileiro deixar de lado as tradicionais manifestações dessa data, substituindo-as por festas com patrocinadores privados, ou fazendo precárias, esvaziadas e escassas manifestações, sempre em lugares escondidos, deixando de apontar ao grande público essa data como tendo algum outro significado.

Isso nos leva à pergunta título desse texto: é dia do trabalho, ou do trabalhador?

O momento histórico que marca a data de 1º de maio ocorre na cidade de Chicago, maior centro industrial dos Estados Unidos, no ano de 1886.

Naquele tempo os trabalhadores estadunidenses eram submetidos a um regime de trabalho sem qualquer tipo de garantia, com jornadas de 16 horas diárias. E foi essa a razão que levou milhares de trabalhadores às ruas naquele 1886, em grandes manifestações, organizadas no final de abril realizadas a partir de 1º de maio.

A principal reivindicação dos manifestantes era a redução da jornada de trabalho das 16, para 8 horas diárias, o que era visto com grande reprovação pelos empresários e pelo governo, que consideravam um absurdo querer retirar das fábricas metade de sua produtividade, tornando o custo das empresas impraticável.

Aquelas manifestações nas ruas de Chicago foram violentamente reprimidas pelo aparato oficial, tendo a polícia assassinado, oficialmente, 12 trabalhadores. Ao final do ciclo de manifestações, somou-se a esse trágico saldo centenas de feridos e, sobretudo, 5 trabalhadores, tidos como líderes daquele movimento, enforcados.

Estima-se, no entanto, que além dos 12 executados e 5 enforcados, dezenas de outros trabalhadores tenham sido mortos nos confrontos com a polícia. Mas suas mortes jamais foram reconhecidas oficialmente.

Essa série de assassinato de trabalhadores que lutavam pela redução da jornada de trabalho e melhoria de suas condições laborais levou, em 20 de junho de 1889, a Segunda Internacional Socialista, reunida em Paris, a declarar o dia 1º de maio como Dia Internacional de Luta Pela Jornada de 8 Horas, com manifestações sendo convocadas em todo o mundo.

Como fruto dessas mobilizações, já em 1890 o Senado estadunidense termina por aprovar a lei de redução da jornada de trabalho, instituindo a jornada de 8 horas diárias. No entanto, a história do 1º de maio ainda continuava pelo mundo.

Em 1891, na manifestação convocada pela Segunda Internacional Socialista, no 1º de maio na França, a reação policial é de extrema violência. Resultado da violência do Estado contra a manifestação foi a morte de pelo menos 10 manifestantes, o que acaba por reforçar a data como dia internacional de mobilização dos trabalhadores.

Nesse rumo, o 1º de maio como data de luta ganha força em todo o mundo, marcado por numerosas e grandes manifestações de luta por melhoria nas condições de trabalho, melhoria nos salários e redução da jornada de trabalho.

Esse histórico de mobilizações levou, apenas em 1919, o Senado francês a ratificar a jornada de trabalho de 8 horas. No mesmo ato, o Senado francês institui o 1º de maio desse ano como feriado.

Mas foi apenas em 1920, na recém nascida da revolução operária, União Soviética, que o 1º de maio é instituído como feriado nacional todos os anos.

Nesse tempo, e também até anos mais tarde, o 1º de maio foi marcado por diversas manifestações e milhares de trabalhadores assassinados em todo o mundo, inclusive no Brasil, a partir da primeira greve geral, em 1917.

Hoje, o 1º de maio é reconhecido em quase todos os países do mundo como feriado internacional, em homenagem ao Dia do Trabalhador, homenagem a todos aqueles que lutaram e morreram nas lutas pela redução da jornada de trabalho, melhoria das condições laborais e salários dignos. Tal reconhecimento é feito inclusive pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), em decisão ratificada por quase todos os países do globo.

Dois dos poucos países cujos governos não reconhecem o 1º de maio como dia do trabalhador são Estados Unidos e Austrália. O primeiro porque se recusa a reconhecer a arbitrariedade e a violência de seus atos em 1886, bem como a legitimidade daquele movimento. O segundo, porque tem a homenagem ao trabalhador em diferentes datas, variando em diversas regiões do país, por diversas razões locais.

Por essa razão, deixar de reconhecer o 1º de maio como Dia do Trabalhador, chamando-o de “Dia do Trabalho”, é como tornar a assassinar, desta vez a alma e a memória, de todos aqueles que lutaram e morreram, para que hoje os trabalhadores pudessem ter um pouco de dignidade e uma jornada de trabalho um pouco menos desumana.

1º de maio é Dia do Trabalhador. Quem disser o contrário está a cometer um verdadeiro crime contra a humanidade.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O conflito Israel – Palestina e o terrorismo no Oriente Médio

Há muito nós temos falado acerca da forma como se define o terrorismo e o enquadramento feito pela mídia em geral.


No caso do conflito Israel – Palestina a realidade não poderia ser outra.


Nessa semana, como fartamente divulgado pela imprensa, o grupo palestino que controla a Faixa de Gaza, o Hamas, encerrou o cessar – fogo celebrado com Israel, promovendo um ataque contra território Israelense. Saldo do ataque, segundo fontes do próprio governo israelense: 1 morto.


A “resposta” de Israel foi imediata, lançando uma ofensiva contra a Faixa de Gaza e mesmo preparando uma invasão. Saldo dessa operação israelense até o momento: 296 mortos, sendo 180 militantes do Hamas e 116 civis inocentes, entre mulheres e crianças.


Segundo a Ministra do Exterior de Israel, candidata à cadeira de Premiê, o número de palestinos mortos seria até baixo.


Não há sequer necessidade de comentar a situação, a desproporção do ataque de Israel e o caráter terrorista do mesmo. Nem mesmo precisamos lembrar que trata-se de uma operação genocida, uma verdadeira “limpeza étnica”.


Não bastasse uma operação de tamanha envergadura e que faz tantas vítimas, a própria política de Israel para a região não deixa alternativa de fuga para aqueles que desejam escapar da morte.


A saída dos palestinos para o Egito está fechada, inclusive em razão de acordos e mesmo em razão de o Egito não suportar mais o êxodo de refugiados palestinos em seu território. De tal forma, aqueles palestinos desesperados que ainda tentam passar por algum túnel clandestino, ou tentam passar por algum buraco no muro, são recebidos a bala, mortos ou presos e mandados de volta para seu território, para a morte.


Do outro lado, o cerco israelense à Faixa de Gaza é absoluto, não havendo qualquer possibilidade de um palestino deixar a região para fugir do conflito.


A tragédia social ainda se amplifica, pois os inúmeros feridos que conseguiram escapar da morte não encontram socorro adequado. Os hospitais já estão todos lotados. E mesmo aqueles que conseguem um leito se deparam com a completa falta de suprimentos médicos ou alimentação, resultado do longo bloqueio israelense imposto àquele povo há muito.


Como alternativa ao bloqueio, os palestinos ainda contavam com rotas de contrabando de suprimentos, que passavam por onze túneis clandestinos. Todos os onze, já no início da ofensiva, foram destruídos.


Simplesmente não há forma de aqueles palestinos escaparem da brincadeira de tiro ao alvo com mísseis e tanques, praticada por Israel. A eles só resta torcer e rezar, contar com a sorte.


E diante de tal realidade, o máximo de reação da comunidade internacional, representada pelo Conselho de Segurança da ONU, foi se manifestar em defesa de um novo cessar fogo e de novos diálogos de paz. Nenhuma censura à ofensiva militar israelense.


Apesar de toda essa situação, alguém poderia questionar: “mas foi o Hamas que acabou com o cessar fogo, realizando ataques contra Israel, que apenas reagiu”. Não é a realidade.


Durante toda a vigência do cessar fogo, Israel não deixou de realizar incursões militares e ataques contra supostos “alvos terroristas”. Nesse período a média de palestinos mortos por forças israelenses foi superior a dois por dia.


Além desse fator, a promessa de deixar chegar suprimentos à Faixa de Gaza, parte do acordo de cessar fogo, jamais foi cumprida, tendo sido mantido o embargo nos mesmos moldes de antes.


De tal forma, temos que o acordo de cessar fogo jamais foi válido para Israel, mas apenas para o Hamas.


Diante disso conclua-se: quem são os maiores terroristas, os fanáticos militantes do Hamas, ou o sionista Estado de Israel?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Retomando as atividades

Desde junho de 2007, quando iniciamos a construção deste espaço, algumas mudanças de rumo foram marcantes.


O Pensamento Crítico foi criado com o objetivo de ser um espaço para a elaboração de idéias e análises críticas da realidade, divulgação de informações relevantes sobre a sociedade sob um olhar crítico.

Em alguns momentos tomamos caminho diverso, focando a produção em sentimentos, emoções e tantos outros temas, ainda que importantes, que estavam em outra ordem.


Após esse período de busca de uma identidade real e concreta deste espaço, foi cumprindo seu objetivo original que o Pensamento Crítico se consolidou.


Não é exagerada pretensão dizer que o Pensamento Crítico tornou-se, por algum tempo, algo muito maior do que o pretendido.


Em início, a idéia era construir um “armazém de idéias”, também como um espaço para disponibilizar para amigos e conhecidos um pouco de uma compreensão de mundo, não disponível nos meios de comunicação de massas.


Entretanto, após algum tempo e com um pouco de trabalho, chegamos a ter picos de mais de 400 leitores em um único dia, tendo uma média superior aos 100 leitores/dia. Foi algo surpreendente e gratificante.

Infelizmente, por diversas dificuldades que a vida nos traz, manter um espaço com uma produção diária, com tantos projetos em andamento, tentando dar-lhe alguma qualidade, nem sempre é possível. E nesses momentos o desânimo torna difícil até mesmo manter o possível.


Com isso muitos projetos que estavam em andamento ficaram inacabados, como o histórico das FARC, a análise sobre o julgamento de Simon Trinidad, o acompanhamento do desenvolvimento das transformações sociais na America Latina, dentre outros. Ficaram inacabados, mas não esquecidos.


Ao final deste ano de 2008, período extremamente positivo em termos pessoais, reaparece a necessidade de contribuir com as lutas e as necessárias análises sobre a realidade, ainda que modestas, necessárias neste vácuo de vozes populares que enfrentamos mundo afora.


Fruto deste sentimento de necessidade, informamos aos amigos, que fizemos durante todo esse tempo, que o Pensamento Crítico está retomando, gradualmente, seu regular funcionamento, onde tentaremos atualizá-lo diariamente, com temas importantes e análises críticas acerca da realidade.


O Pensamento Crítico está de volta e espera contar com a habitual colaboração e contribuição de todos os que nos acompanharam, como também de todos aqueles que esperamos conquistar daqui pra frente.


Muito obrigado a todos!


A pequena vendedora de fósforos

Caros amigos


Neste dia de natal, onde certos sentimentos afloram, mas onde muito mais se mostra o espírito consumista, uma história que acabei de conhecer foi capaz de mexer realmente com meus sentimentos.


Deixo-os aqui com esse maravilhoso conto, de triste história, com espírito tão real e realista.


Reflitam:


Hans Christian Andersen


Fazia tanto frio! A neve não parava de cair e a noite aproximava-se. Aquela era a última noite de Dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão, uma pobre rapariguinha seguia pela rua fora, com a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua a correr para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar.


Por isso, a rapariguinha seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a toda a gente que passava, apregoando: — Quem compra fósforos bons e baratos? — Mas o dia tinha-lhe corrido mal. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre rapariguinha! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava.


Sentou-se no chão e enrolou-se ao canto de um portal. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa água-furtada, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um só, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a arder! Parecia a chama quente e viva de uma candeia, quando a menina a tapou com a mão. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de um fogão de sala cheio de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom! Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e o fogão desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão.


Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como tule. E a rapariguinha viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de loiças finas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e puré de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da rapariguinha. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria.

E acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as montras das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direcção à terra, deixando atrás de si um comprido rasto de luz.


«Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe muita vez: «Quando vires uma estrela cadente, é uma alma que vai a caminho do céu.»


Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!


— Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como o fogão de sala, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda.


Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços, e soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus.


Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma rapariguinha, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… morta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.



quarta-feira, 11 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Atravessando as principais ruas da cidade, percebi o clima do dia dos namorados.


Não, não vi casais apaixonados aos beijos e abraços, lindas jovens carregando seus buquês de flores, velhos casais relembrando os velhos tempos daquela paixão arrebatadora, sorridentes rapazes ruborizados fazendo eloqüentes declarações de amor.


Não vi nada disso.


Vi algumas filas em lojas de celulares e lojas de bijuterias. Vi algumas jovens olhando vitrines tentando adivinhar aquilo que receberiam de presente mais tarde. Vi alguns jovens contando seu salário dos próximos doze meses para planejar o pagamento das prestações do novo aparelhinho de comunicação da moda.


Já posso imaginar as filas gigantescas e a espera de mais de uma hora nos restaurantes "populares-chiques" de minha cidade essa noite. As broncas dadas ao garçom pelo namorado valentão nos antros da alta roda. A irritação dos operários das bandejas com o extenuante trabalho extra que pouco ou nada lhe rende a mais.


Já vejo a fila de carros em frente aos motéis, onde alguns fazem a volta rapidamente para não serem vistos. Vejo também os jovens de classe média sem dinheiro para comprar um carro, fazendo-se de desinteressados nas imediações da região dos motéis centrais, esperando por um casal que lhes dê a vaga com a qual eles tanto sonham.


Estou a me lembrar dos solitários que presenteiam a si mesmos nesse dia.


Observo tudo isso e não posso deixar de notar que ainda não vi aquele amor romântico, poético, desinteressado, que nada pede em troca, exceto o próprio amor.


Mais do que nunca, tenho a certeza, privatizamos e transformamos em propriedade e consumo até mesmo o amor.


Feliz dia dos namorados ao grande mercado.

terça-feira, 15 de abril de 2008

CARTA DE PRAIA GRANDE


Nota Política do Comitê Central do PCB, por ocasião da Conferência Nacional de Organização do PCB, realizada em Praia Grande, de 21 a 23 de março de 2008

Aos trabalhadores brasileiros

O capitalismo, a cada dia, mostra com mais clareza a sua real face: os capitais circulam livremente pelo mundo, apoiados por políticas neoliberais, gerando riquezas que se concentram cada vez mais em menos mãos e impondo, em toda parte, a precarização do trabalho, a redução do poder aquisitivo dos salários, e a perda de garantias sociais e de direitos trabalhistas.

O capitalismo vive mais uma crise, gerada, principalmente, pela queda da economia americana, que pode alastrar-se por todo o mundo. As respostas do capital à crise são conhecidas: mais exploração dos trabalhadores, mais desemprego, mais destruição do meio ambiente. Para os Estados Unidos e seus aliados, a guerra e as agressões armadas a países soberanos são também uma solução para as crises. Com a guerra, estes países podem vender armas e saquear as riquezas naturais dos povos.

Mas crescem, também, as respostas da classe trabalhadora a este quadro, em várias partes do mundo. A América Latina vive um momento histórico: nossos povos já não aceitam as políticas neoliberais. Estas políticas vêm sendo derrotadas por ações de mobilização de massas, por processos eleitorais e, em alguns casos, pela insurgência e pela violência revolucionária; Equador, Venezuela, Bolívia e Nicarágua têm governos que romperam com o neoliberalismo e com as pretensões hegemônicas dos Estados Unidos; na Venezuela e na Bolívia, em particular, os trabalhadores se organizam, participam das decisões políticas e constróem um caminho para o socialismo. É fato relevante que as recentes vitórias eleitorais de frentes antiliberais e de esquerda, na América Latina, que levaram a mudanças sociais efetivas, foram aquelas em que o processo eleitoral foi gerado e respaldado pelo movimento de massas.

A inadmissível invasão ao Equador pelo governo fascista da Colômbia, apoiado pelos EUA, foi um triste exemplo do desespero do governo norteamericano e das oligarquias locais frente aos avanços sociais que vêm se acumulando nestes países. Os EUA e as oligarquias colombianas precisam da guerra para manter seu domínio. No entanto, as pretensões hegemonistas estadunidenses encontram cada vez menos apoio em toda a região, como prova a derrota dos EUA e da Colômbia na recente reunião da Organização dos Estados Americanos - OEA -, que condenou a agressão ao Equador por 33 votos a 2.

O PCB dá sua solidariedade militante ao processo revolucionário e às lutas antiimperialistas na Venezuela, na Bolívia, no Equador e em outros países. Apoiamos os esforços do Presidente Chávez, no sentido de considerar as FARC como força beligerante e evitar uma guerra entre países irmãos. Repudiamos o governo fascista e narcotraficante da Colômbia, lacaio dos Estados Unidos, que apóia a intenção de Bush de transformar a Colômbia em uma grande base militar para desempenhar, na América Latina, o mesmo papel que Israel desempenha no Oriente Médio.

Prestamos nossa homenagem ao Comandante Fidel Castro e à revolução cubana, que segue firme na consolidação do socialismo. O PCB se empenha para que a luta dos povos contra o imperialismo leve à superação do capitalismo, na conquista de uma sociedade sem explorados nem exploradores: uma sociedade socialista, na perspectiva do comunismo.

No Brasil, o capitalismo se reorganizou e se integrou, de forma subalterna, à economia mundial. As empresas brasileiras se internacionalizaram, são controladas, em sua maioria, por capitais estrangeiros, e se expandem para o exterior, como transnacionais. No caso dos países da América Latina, as ações das empresas brasileiras revelam a intenção da burguesia brasileira de exercer hegemonia política na região, num papel sub-imperialista. Esta reorganização do capitalismo, apoiada pelas políticas neoliberais voltadas para a facilitação da circulação dos capitais, proporciona um certo grau de crescimento econômico gerado pela abertura dos mercados. Este crescimento, entretanto, é de natureza desigual, que concentra a renda e oferece empregos mais e mais precarizados.

O governo Lula é um governo voltado para os interesses do capital. Lula dá continuidade às reformas neoliberais, diminuindo direitos trabalhistas - com a reforma fatiada desta legislação - e previdenciários ao mesmo tempo em que favorece os banqueiros e o grande capital. Nunca houve tanto lucro para os bancos, para as empresas comerciais e industriais. Nos últimos anos, a reforma agrária recuou, tendo sido fortalecido o modelo agroindustrial exportador.

Voltada para a manutenção das condições de exploração do trabalho pelo capital, a política econômica sequer consegue baixar as taxas de juros para acelerar o crescimento e expõe o Brasil à crise que se avizinha. A contrapartida oferecida aos trabalhadores resume-se a bolsas de subsistência e a alguns poucos programas sociais de pequeno alcance.

Mas os trabalhadores brasileiros também vêm se mobilizando, vêm resistindo e barrando tentativas do governo de retirar seus direitos. O PCB participa da organização da INTERSINDICAL como um instrumento de intervenção dos trabalhadores contra os desmandos do capital. Propomos a realização de um grande Encontro Nacional da Classe Trabalhadora - o ENCLAT - para unir todos os segmentos da classe trabalhadora e todas as organizações que os representam, no rumo da construção de uma central sindical unitária para elevar o patamar da luta de classes no Brasil.

O PCB faz oposição independente e de esquerda ao governo Lula. Propomos a Unidade dos Comunistas e uma frente política formada por organizações políticas e sociais populares que seja uma alternativa de esquerda ao governo e ao capital.

O PCB defende a unidade da classe operária, dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude e da intelectualidade, na construção de um bloco histórico que mude os rumos do Brasil, em direção ao socialismo. Para os comunistas, só uma sociedade socialista pode garantir uma vida digna para o nosso povo.

Toda a solidariedade aos governos progressistas da América Latina Nenhum direito a menos para os trabalhadores. Avançar nas conquistas Todo apoio à causa Palestina
Fora Estados Unidos do Iraque e do Afeganistão
Pela Unidade dos Comunistas
Viva o Socialismo
Viva o Comunismo
Nosso tributo ao Comandante Raúl Reyes

Viva o 25 de março, Viva os 86 anos do PCB
Viva O PCB