terça-feira, 25 de março de 2008

PCB: 86 anos de história na luta pelos trabalhadores

O PCB, o nosso Partidão, comemora no dia 25 de março 86 anos de luta revolucionária pelo socialismo. O poeta Ferreira Gullar escreveu uma vez que quem quiser contar a história dos brasileiros e de seus heróis tem que falar do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ou estará mentindo. Fundado em 1922, o PCB comemora, no próximo dia 25 de março, 86 anos de existência, atuando como organização clandestina ou legal. Conhecido há décadas como “Partidão”, o PCB é o partido mais antigo em atuação no país, e um dos mais antigos do mundo.

Qual a razão dessa longevidade político-institucional? Como explicar a duração e a resistência dos comunistas ao longo do século XX e XXI, depois de tantas perseguições, inclusive com o assassinato de sua cúpula dirigente, nos anos da ditadura militar, e do fim da União Soviética e do socialismo real? Uma parte da explicação talvez esteja no fato de os comunistas do PCB constituírem um tipo de político que olha a prática e a teoria da política como uma dimensão do ideal de igualdade que, em sua visão, deve reger as relações entre os seres humanos.

Há uma espécie de fé ou de crença nessa dimensão, mas se trata de uma fé, por assim dizer, científica. Em uma época na qual muitos partidos são siglas de aluguel, os políticos são, em geral, vistos como interessados no poder para amealhar riqueza e fama, e a opinião pública, em sua maioria, rebaixa a atividade política em função do predomínio do mau político, os pecebistas sobrevivem acreditando na política como elemento de elevação do homem como ser coletivo.

Trata-se de uma visão generosa em uma época de forte relativismo na moral e na política. Para além da visão científica e dialética que informa sua teoria do capital, do trabalho e da política, os comunistas do PCB buscam praticar o que pensam – o que é significativo, dado que o espírito republicano requer a educação da cidadania pela ética do fazer e pensar a política.

Esta visão parece ser uma marca institucional do PCB ao longo dessas oito décadas e meia. Mas não é fruto do acaso. Há muita reflexão teórica que, conjugada com a prática em face dos desafios políticos, sociais e econômicos de cada época, renova aquele pensar e fazer a política como uma dimensão do coletivo.
Não queremos dizer que os comunistas do PCB são melhores. Houve erros de avaliação política, análises distorcidas e ingênuas do quadro social brasileiro, e as concepções idealistas sobre o caráter da revolução brasileira nos anos 60, no qual as teses do partido postulavam um papel de alinhamento da burguesia nacional na luta dos trabalhadores.
A longevidade do PCB pode ser explicada justamente em aprender com os erros próprios e alheios, como ensina a dialética marxista que baliza sua reflexão. O partido não abdicou de sua visão socialista e revolucionária da sociedade e da política nem quando um grupo conservador, nos anos 90, tentou extingui-lo e se apropriar da sigla, além da foice e martelo simbolizando a aliança entre o trabalhador do campo e da cidade.

Depois de 86 anos, o PCB, que teve entre os seus fundadores o pernambucano Cristiano Cordeiro, não tem hoje expressão eleitoral no Brasil. Mas não será por isso que se transformará em um coadjuvante das lutas políticas e sociais do povo brasileiro. Jamais morre um partido que acredita na política e no ser humano como meio e fim para a conquista de uma sociedade justa, baseada na democracia substantiva.