segunda-feira, 23 de julho de 2007

Falavam de Mim

Não vou mais gritar
Que te amo
Nem vou mais pensar
Se te quero
Se você pretende que eu seja
O futuro da nação
Nem chegue perto
Pois eu não sou isso não
Hoje eu não sou isso não
Não vou lhe agradar
Eu não quero
Nem lhe sustentar
Eu espero
Que você me entenda
Isso eu quero
Vou rasgar toda gravata
Vou viver na praia
Se quiser, venha, mulher
Se quiser, venha, mulher
Não vou mais cortar sua grama
Nem vou acatar sua trama
E os homens que se julgam espertos
Vão ficar tão engraçados
Atras de suas mesas
Eu vou me sentir tão bem
Que vou lhe sentir também


(Ira! - Início da década de 1980, já anunciando o futuro de alguém...)

sábado, 21 de julho de 2007

Vida em Luta

Eu só queria poder sonhar
Eu só queria poder viver
Eu só queria poder chorar
Eu só queria poder sorrir

A realidade já não me comove
O mundo me parece cada vez mais estranho
Preciso de algo que me renove
Destrua essa desesperança já tão sem tamanho

Um dia já tive esperança
Esse dia a muito se apagou
Da esperança já nem mais lembrança
Hoje só revolta me restou

Da revolta, tiro minha força
Da indignação, minha emoção
Cada lágrima me reforça
De cada lágrima construo minha ação

Do futuro nada espero
Evito a decepção
Do presente nada quero
Evito a frustração

Apenas luto
Apenas faço
Apenas tento

Antes morrer lutando do que viver rendido!

Que o Amor se Acabe

As derrotas me fizeram crescer
Mas cresci demais
E não quero mais sofrer

O desespero num berro
As lágrimas contidas
Na desilusão perdidas
Por um amor que não viverei

Do amor me despeço
Não sem antes
Perder um pouco de mim

Se me disseres que vivi
O amor sonhado
Digo-te que o grito contido
É o grito não gritado

De ti carrego
A lembrança amor próximo
Que já me foi negado

A lembrança de seus beijos
Sem amor
Num pavor insano
Com o sabor do nunca

O nunca não me agrada
A dor que principia
A esperança rasgada
De um dia seu amor

Despeço-me da esperança
Querendo ver morrer o amor
Amor que não é meu
O sofrimento do adeus

O Fim da Poesia

O poeta está morrendo
Salvem o poeta
O amor se perdendo
Salvem o amor

Às escondidas
O amor que não se pratica
As horas perdidas
Desejos contidos

O tédio desesperador
Para essa dor não existe remédio
Exceto os beijos escancarados
Que me negas por pavor

Se o mundo contra nós
Contrariemos o mundo
O enfrentemos por nós
Ou que o amor caia em esquecimento profundo

Calar o coração
Amar em silêncio
Rendição à razão
É só nisso que penso

Não posso e não quero
Amar-te sem me amar
Não renego meu berro
Antes a derrota aceitar

O poeta está morrendo
Pois perdendo a inspiração
O poeta se perdendo
Pois amar não é razão

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O Vôo Pela Estrada

Quase ao mesmo tempo em que morriam dezenas, mais de duas centenas, em um desastre de avião, morriam dezenas em outro desastre rodoviário.

Um avião e um ônibus, separados por algumas dezenas de quilômetros e uma eternidade de atenções.

No ônibus não haviam deputados ou empresários, investidores e executivos, apenas trabalhadores e desempregados.

Aos rodoviários, nenhum psicólogo ou parentes viajando de graça, nenhuma manchete ou minuto de silêncio, nenhuma crise nacional ou atenção do presidente, apenas o anonimato da ausência de holofotes.

Não que pouco me importe com as vidas que voavam sobre nossas cabeças. Mas, amigos rodoviários, parentes e amigos, meus sentimentos, irmãos de cela e de cruz.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Vaias ao Lula

Lula vaiado, sob explicações várias, sob teses conspiratórias das mais diversas. Desde o golpismo de direita, até a conspiração ensaiada à véspera, passando pela análise de composição social do público presente ao Maracanã, todas as possibilidades analíticas foram feitas da parte da esquerda.

Da mesma forma, a extrema direita conservadora ou liberal, fundamentalistas como os defensores da invasão do Iraque, numa análise torta, analisam o fato como legítima manifestação da insatisfação da parte pensante da nação contra a política esquerdista do governo.

Loucos de todo o gênero, é somente o que posso falar de todos eles.

Ninguém parece entender que as vaias são derivadas do vacilo, da traição, da direita e do povo.

Aplausos a César Maia? Normal.

Esse fez sua opção de classe, em favor dos que sempre dominaram nossa sociedade, pela força e pelo poder econômico. E os seus o aplaudem entusiasmadamente.

Lula não. Esse prometeu o mundo aos trabalhadores, mudou o discurso em favor das elites, buscou conciliar com as camadas médias.

Traiu a todos.

De outros, nós pobres nada esperávamos. Não tínhamos motivos para vaias.

Dele muito esperamos, desde sua trajetória às suas palavras. Traiu-nos, como tantos outros traíram, com mais desculpas.

Se não fez tudo o que queriam os poderosos de sempre, fez muito mais que os serviçais clássicos de outrora.

Se não fez sua opção de classe, ao menos optou contra nós.

À ele, todas as vaias, da cobrança das elites, da insatisfação das camadas médias, do sentimento de traição ao povo.

Aos traidores de nossa classe, nenhuma trégua. Não queremos esmola, queremos luta e dignidade!

Implorando Por Liberdade ao Amor

A voz que não diz “te amo”
Mas a voz que me traz o amor
A face do amor que eu amo
A ausência que me provoca o temor

Segredos são armas
Apontadas contra nós
Pondo-nos amarras

Não se cala a voz do amor
No máximo se a retarda
Não se elimina o calor
No máximo se o refresca

No seu toque o desejo
Perdendo-me em teu beijo
Euforia da visão do amor

Sem apressar o passo
Por você enfrento o mundo
Não perdendo o compasso
Seu nome ecoando em som mudo

“Te amo, te amo, te amo”
Grito em silêncio
Simplesmente me ame e grite

Liberte a voz que canta
Seu nome no escuro
Ainda que relutante
Preservar-te-ei, eu juro

Amo-te e desejo-te
Permita o amor
Deixe-me, ao seu lado, ser feliz

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Seus Beijos

A coragem que brota da covardia
O desejo de abandonar os desejos
A desesperança de lutar
Tudo desaparece com seus beijos

sábado, 14 de julho de 2007

Adeus Amor

Adeus amor!
De ti cuidei
Você cresceu
E me entreguei

Guardo o bom
Desprezo o mau
Triste fim

Amor não vivido
Algo sentido
Ainda mais dor
Do amor não correspondido

Amar dói
Marca o ser
Fere a alma

Amar é troca
Não vivi o amor
A ilusão de volta
Um dia o grande amor

Perdida a aposta
Jogo encerrado
A certeza da resposta

Adeus amor
Amei-te como nunca amei
Errei
Sem novas chances a dor

Encerro aqui
A história que não foi
Do que poderia ter sido

Adeus amor
Frase que dói
Mais que o amor
Sem completo, já perdido

Sigo o caminho
Carrego os sonhos
No passado: você

Adeus amor
De ti vou lembrar
Da dor e do amor
Do amor sem resposta

Adeus amor
Num último beijo
Frieza contagiante de nós
Que minh’alma domina

Adeus!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Amor Perdido

Momentos silenciosos
Sem atos
Sequer obsequisos

Matando o Sentimento

O brilho que se apaga
O som que se abafa
O amor que se acaba
O grito que se cala

As flores que murcham
As águas que se vão
Estrelas que morrem
O mar sem verão

Momentos que passam
Madrugadas em vão
Silêncio obsequioso
Olhares ao longe

Palavras não ditas
Dores sofridas
Dias perdidos
Vida maldita

Sentimentos despedaçados
Horas desperdiçadas
Palavras perdidas
Amores contidos

Numa palavra seu nome
Noutra, o lamento
De espera, a fome
Se perdendo no tempo

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Obediência a Oswaldo Montenegro e a Você

Por você
De quem o nome não posso dizer
Obedeço ao cancioneiro

Em total concordância
Com o sentido oculto
Clamando por esperança

No dia em que libertares a voz
Do grito de amor
Preso em minha garganta
Seu nome ecoará nesses versos

A todos os cantos
A todos os ventos direi
Que o poeta falava
Do meu amor por você:

“Canto uma canção bonita
Falando da vida
Em ré maior

Canto uma canção daquela
De filosofia
E mundo bem melhor

Canto uma canção que agüente
Essa paulada e a gente
Bate o pé no chão

Canto uma canção daquela
Pulo da janela
Bato o pé no chão

Sem o compromisso estreito
De falar perfeito
Coerente ou não

Sem o verso estilizado
Mas verso emocionado
Bato o pé no chão

Canto o que não silencia
Onde principia
A intuição

Nasce uma canção rimada
Da voz arrancada
Ao nosso coração

Com ou sem licença
O sol rompe a barra da noite
Sem pedir perdão

Hoje quem não cantaria
Grito a poesia
Bato o pé no chão”

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Negação

A negativa de um beijo
Um abraço distante
Em teus olhos eu vejo
Sentimento vacilante

Mil caminhos me levam
Nem sei pra onde
Teu olhar mirando ao longe
Teu sentimento o silêncio esconde

Negas amar
Negas sentir
Negas sonhar
Negas sorrir

Negas meu amor
E seu amor a mim
O terror da lembrança
Da esperança de existir

Um dia acordar
E o amor esquecer
Ou poder só sonhar
E em sonhos viver

Eu só penso em você
E por ti vivo o hoje
Não penso no amanhã
Pois amanhã sem você.

Pai

Saudades de um tempo
Da insignificante saudade
De um futuro passado
De reencontros guardados

Hoje a certeza
Da certeza e da dúvida
Do saber não te ver
Sem esquecer de você

Lágrimas pelo futuro
Sorrisos pelo passado
O viver sem você
Ausência sentida

Em minhas lembranças vive
O exemplo eu guardo
A esperança de contentar-te
Ainda que tardiamente

Vives em meus sonhos
Em meus gestos
Procuro não decepcionar-te
Em minhas palavras procuro seu bom senso

O gigante inatingível
A fortaleza inabalável
A mão amiga que acolhe
O auxílio não revelado

Uma história guardada
A sete chaves trancada
Se não conheço o passado
O coração me revela a verdade
Pai, onde estiveres
Vives em minas lembranças
Seu exemplo carrego
No amor eterno que te tenho

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sonhos

A lembrança de seus beijos
Conforta os meus dias
Meus desejos
Por ti em toda a vida

A voz que canta
O corpo que dança
Nos sonhos
Há esperança

Um toque em meu rosto
O calor que invade a alma
Da uva o mosto
Que fermenta e acalma

Sedento por ti
Saudade no olhar
A esperança perdida
De deixar de te amar

Tua Face Em Sonhos

Tua face em sonhos
Sonhos seus
Visão minha

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A Dor do Segredo do Amor

Amar em segredo
Sofrendo em silêncio
A dor de negar
Meu grito contido

Olhando no espelho
O sorriso do amor
Perdido no tempo

Buscando esperança
A voz ecoando
Seu nome em prantos
Meus sonhos perdidos

Se amar é pecado
Um amor não escolhido
Em pecado eu vivo

Não te nego, nem te renego
Por socorro eu grito
A seu nome me apego

Sonhando acordado
Ilimitada saudade
Lembranças do que não vivi
Violentam meu ser
Ingrato amor
Aceitação do improvável

De ti disse
Não abrir mão
Mas da dor eu me esgoto
Me liberte da dor

Não me peça
Não me faça
Deixar-te
Conter-me

De ti preciso
Por ti imploro
Meu amor aceite
Meu grito liberte

Censurado

Tinha o nome dela.

Mas foi censurado por razões alheias à minha vontade...

domingo, 1 de julho de 2007

Rima Boba

Aprendi a amar
Na poesia
Traduzir meu sonhar

Preciso aprender
No sentimento sonhado
Afogar meu sofrer
De um fracasso anunciado

Amar Sem Ser Amado

Amar sem ser amado
Sentimento de vazio
Descontrole sobre o destino

Sombras sem limites
Infelicidade desmedida
Raiva de mim
Tristeza sem fim

Nada pedi
Nada cobrei
Nada exigi

Na incerteza
A dúvida trazia a esperança
A lembrança do futuro
Ao seu lado sentir-me amado

Como a fina garoa
Da mais densa neblina
A pele gelada pela água que flutua
O ânimo se esfria

A certeza da negativa
O fracasso anunciado
O futuro é passado

Se a história não vivida
Como os planos do coração
Sentimentos sentidos
Preenchem-me a alma

Um grande amor vivido
Ainda que não correspondido
Melhor perdê-lo ainda que perdido
Do que nunca tê-lo sentido

Onde Está Você?

O dia revela o teu olhar
Que eu não vejo
O vento balança teus cabelos
Que eu não vejo

Não vejo teu corpo nu
Nem ouço
Você me chamar

Meu amor covarde
Espera que o destino
Te jogue em meus braços

O tempo passa
E levo meus dias
Sem graça

Não vejo teu corpo nu
Nem ouço você
Me chamar

Meu amor onde está você?

Uma chama queima
Com a cera da saudade
Quero um beijo, só um beijo
E depois morrer

A noite vem
E você não sabe
Que a chuva me faz lembrar

Mais uma vez
Meu amor
Onde está você?

(Paulo Teixeira)