sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Uribe é Pressionado Por Volta de Chavez às Negociações com as FARC

Após a detenção de três supostos integrantes das FARC-EP, em Bogotá, na Colômbia, foram encontradas provas de vidas de prisioneiros em poder da guerrilha colombiana. Dentre as provas, está um vídeo, gravado no final de outubro, com a ex-candidata à presidência da Colômbia, a franco-colombiana Ingrid Betancourt.

O vídeo com as imagens de Betancourt foi enviado ao ex-marido e aos familiares que vivem em Paris. Ao assistir o vídeo, o filho mais novo e a irmã de Betancourt teriam se emocionado profundamente, além de terem a absoluta certeza de que realmente Ingrid está viva.

Segundo o filho caçula de Betancourt, o vídeo com a prova de vida da mãe, seria a demonstração final de que a mediação para o acordo humanitário realizada pelo Presidente venezuelano, Hugo Chavez e pela Senadora colombiana, Piedad Córdoba, estavam dando resultados rumo ao acordo humanitário.

Segundo Astrid, irmã de Betancourt, o vídeo encontrado junto com outros documentos que comprovariam a vida de outros prisioneiros das FARC, seriam a prova de que a mediação de Chavez e Piedad estava em bom caminho. Disse ainda, que tais documentos encontrados demonstram que as FARC estariam reunindo as provas solicitadas por Chavez para o prosseguimento das negociações.

O governo francês também se manifestou sobre o caso, ressaltando o seu papel no apoio às negociações e a importância de um acordo humanitário, para por fim ao sofrimento que já dura tantos anos.

Com a apresentação de tais provas, demonstrando o êxito das negociações mediadas por Chavez e Piedad, o governo francês, a Federação Internacional de Comitês de Apoio a Ingrid Betancourt e a família da cidadã franco-colombiana, pressionam Uribe para que reate as relações com Chavez, restituindo-lhe ao papel de mediador nas negociações do acordo humanitário.

Segundo o filho de Betancourt “A bola está agora nas mãos do presidente Uribe, que tem que perceber que o acordo humanitário é necessário, e que não pode zombar da vida de pessoas que sofrem”. Ainda, segundo a Federação "Se é necessário, para a vida e a libertação dos reféns, que o governo colombiano volte a pedir ao presidente Chávez que retome seus esforços de mediação, tem que fazê-lo, quaisquer que sejam os obstáculos acumulados nos últimos dias nas relações entre Colômbia e Venezuela”.

Além das provas de vida de Betancourt, foram encontradas provas de vida dos três prisioneiros de nacionalidade estadunidense. Tal fato traz a esperança de que diminuam as pressões estadunidenses contra as negociações para o acordo humanitário e pela paz, que até o momento eram mal vistas por Washington.

Diante de tal pressão internacional, renovam-se as esperanças de que se quebre a intransigência do governo colombiano, com a aceitação de efetivas negociações de paz, novamente mediadas por Chavez e Córdoba, o que depende, agora, de uma iniciativa do Presidente Uribe.

As FARC-EP, com isso, demonstraram que estavam cumprindo toda a sua parte na facilitação de um acordo efetivo, sob a mediação de Chavez e Códoba, o que demonstra o real interesse da guerrilha no fim do conflito e no acordo humanitário. Resta o governo colombiano demonstrar um mínimo de preocupação humanitária e aceitar sentar-se à negociação, permitindo que se amenize o sofrimento causado por esses mais de 40 anos do conflito colombiano.

O Fantasma do Terceiro Mandato de Lula

Já tem algum tempo que a oposição de direita ao governo Lula, na qual se inclui algumas organizações políticas que mentirosamente se intitulam de esquerda, não tem outro assunto que não o suposto risco de “golpe do terceiro mandato” que estaria sendo engendrado pelo governo e pelo PT.

Tal discurso oposicionista de direita nos leva a duas conclusões lógicas básicas: a principal preocupação dos setores mais à direita na atualidade, é apenas com a titularidade do poder, o que significa que qualquer discurso e ataque que promova o desgaste do atual governo é válido; no conteúdo da atual política do governo não há nada que desagrade profundamente os setores mais à direita da política brasileira.

Ontem (quinta-feira, 29 de novembro) o PT publicou em seu sítio na internet convocação para a campanha por um plebiscito para constituinte sobre o sistema político eleitoral. Tal convocação reacendeu o discurso oposicionista de que o PT e o governo estariam preparando o golpe que permitiria a reeleição do Presidente Lula.

É necessário lembrar que a discussão acerca da possibilidade de um terceiro mandato foi levantada pela oposição, não pelo governo. E o assunto foi levantado exatamente para permitir mais um caminho de ataque ao governo que não abordasse suas políticas, que em geral, são as mesmas aplicadas pela oposição nos oito anos de governo FHC.

Corroborando a idéia de um possível terceiro mandato de Lula, tivemos a manifestação de um único parlamentar petista, prontamente desautorizado pela cúpula partidária e pelo governo, que se manifestou por seus principais integrantes e pelo próprio presidente.

Sendo rechaçada prontamente qualquer possibilidade de proposta de aumento do número de possíveis reeleições, o tema teria tudo para ser jogado ao esquecimento, não fosse pela insistência oposicionista e pelo espírito colaboracionista da grande imprensa com essa oposição.

Uma eventual proposta de nova reeleição para o atual mandatário, caso fosse real, evidentemente teria a mesma legitimidade da emenda da reeleição para Fernando Henrique Cardoso, ou seja, nenhuma, exceto se uma nova proposta fosse submetida à aprovação popular, como faria qualquer Estado verdadeiramente democrático. Mas parece que os partidos que hoje integram a oposição, convenientemente, se esquecem de seus pecados passados e tentam imputar aos outros, de forma forçada, os mesmos pecados, ainda que precisem apelar para a mentira descarada.

Mas como já descartada a hipótese de adoção de tal proposta pelo atual governo, não há o que se questionar acerca do tema. E além de descartada tal proposta, observa-se que não existe nenhuma movimentação dos articuladores políticos do governo para viabilizá-la no futuro, pelo contrário.

Hoje observamos que o PT e o governo adotam uma outra estratégia para viabilizar a sua manutenção no poder, que é a construção de outros nomes para a sucessão presidencial. E adota uma estratégia arriscada inclusive, pois busca a construção de vários nomes, desde Dilma Russef, até Tarso Genro, passando por Jacques Wagner e outros.Talvez tal opção por construir uma variedade de nomes tenha como objetivo proteger seus possíveis candidatos de uma eventual concentração dos ataques da oposição, no que obtém grande êxito tal estratégia. Mas o risco de tal estratégia reside em impedir que qualquer dos nomes seja realmente consolidado junto às bases sociais do governo e junto à população em geral.

Tantos elementos nos dão a certeza de que, ao menos hoje, a proposta de terceiro mandato de Lula é apenas um discurso da oposição. E tal discurso tem objetivos muito claros. Se de um lado tal boato levantado pela oposição permite que a mesma ataque de forma feroz o governo, por outro lado os resultados também parecem lhe dar a vitória certa nessa guerra de publicidade. Caso tal discurso venha a seduzir setores do governo e tal proposta seja encampada, a oposição terá o discurso de que avisara desde o início, que estava certa e que denunciara o espírito golpista do governo e do PT. Se por outro lado tal proposta jamais for levada a efeito, restará à oposição o discurso de que sua luta contra o golpe foi vitoriosa, que teria conseguido impedir o golpe do terceiro mandato.

Parece que a nossa direita continua extremamente eficiente em seus discursos e armações golpistas.