As garras do Império do Norte mostram-se, a cada dia, mais afiadas e prontas para o uso a qualquer momento, até mesmo de forma distraída e descompromissada. É o que demonstra uma proposta a ser votada hoje, terça feira, no congresso estadunidense.
Trata-se de um plano de divisão político-administrativa do Iraque de acordo com as etnias, sunitas, xiitas e curdos. E o mais espantoso, parece ser um progresso no sentido de uma retirada das tropas estadunidenses de solo iraquiano, apresentada por um Senador Democrata, o pré-candidato à presidência, Joseph Biden.
É a lógica comum do pensamento amplamente difundido naquela sociedade, que hoje tem na intolerância com as diferenças um dos motes centrais de união nacional. E tal lógica caminha em direção exatamente oposta àquilo que os povos de todo o mundo vêm buscando e construindo, desde finais do século XIX, de superação e aceitação das diferenças.
Note-se que nada haveria de errado na divisão político-administrativa do Iraque, não fosse por dois aspectos da proposta ora em análise: 1 – é uma divisão imposta por um Estado invasor; 2 – não é apenas um processo de regionalização da administração burocrática e política, mas uma divisão de territórios com base em critério puramente étnico.
Tal proposta apresentada exatamente pelo grupo político que se opôs internamente à guerra, ainda que de forma moderada, nos serve a demonstrar aspectos óbvios tanto da política interna, quanto externa do Grande Império do Norte, como a flagrante inexistência de uma verdadeira democracia.
Observemos que a auto-intitulada democracia estadunidense tem duas características básicas: 1 – a maioria não exerce poder algum de decisão, como ficou claro na penúltima eleição em que Bush não alcançou a maioria dos votos, sendo eleito apenas em razão do sistema indireto, semelhante ao brasileiro do período militar; 2 – as visões de mundo divergentes são reprimidas, sendo admitidas apenas a manifestação do mesmo, com divergências apenas quanto aos métodos, representados por republicanos e democratas.
A tímida oposição do Partido Democrata à guerra, como já demonstravam os argumentos meramente táticos da época, nunca teve como foco aspectos como o direito de auto-determinação dos povos, respeito a soberania dos demais países ou qualquer desses valores que a evolução das sociedades contemporâneas consagrou. Tratava-se apenas de uma divergência quanto aos métodos mais eficazes de dominação do petróleo e dos povos da região, tendo os democratas uma postura mais sutil, de dominação preferencialmente pela pressão política, econômica e pequenas demonstrações bélicas, como os corriqueiros pequenos bombardeios ao norte do Iraque no período Clinton.
Por essa razão, a política agressiva e direta de dominação por meio das armas não representa uma divergência real, de fundo, com qualquer dos demais grupos que disputam a hegemonia política e econômica naquele país, apenas uma divergência de método. E em um país em que diariamente manifestantes são presos e até mesmo condenados, em que organizações políticas são proibidas apenas por seus posicionamentos políticos e onde os direitos e garantias fundamentais encontram-se suspensos, não há sequer possibilidade de questionamento quanto a tal realidade.
No aspecto puramente externo, tal política demonstra a mesma lógica pela qual se sustenta a invasão militar do Iraque, com o completo desprezo pelo Direito Internacional e pelos direitos dos povos. A auto-determinação do povo iraquiano sequer entrou na pauta de discussões políticas, nem mesmo em tom de consulta da vontade.
Podem argumentar alguns que a proposta que será discutida e votada no Senado estadunidense nesta terça não é uma decisão definitiva, pois realmente não é, mas apenas uma recomendação e uma autorização para que o governo adote tal política.
Entretanto, está-se falando em recomendar e autorizar que o governo de um país, no caso, do Império do Norte, que faça, independente da vontade popular, independente da participação ou manifestação daquele povo, uma divisão político-administrativa de forma unilateral.
E não fosse simplesmente a grave agressão à soberania, que vem a somar-se com a situação de ocupação estrangeira, ainda ganha contornos de divisão étnica, espécie de segregação mútua institucionalizada por uma força invasora.
E mais uma vez, ainda que sob o discurso de possibilitar a retirada das tropoas invasoras do Iraque, está-se a garantir a divisão forçada de um país, a perpetuação da política do invasor, garantindo também, a continuidade da dominação do povo, do território e das riquezas, ainda com a economia da presença militar.
E o Império do Norte avança suas fronteiras definitivas, nas mesmas bases em que fomentou conflitos no passado, garantindo a conjuntura presente, da mesma forma que segregou e massacrou estrangeiros, negros, japoneses e tantos outros em seu território, com um único foco: os ganhos econômicos e a dominação do capital.
Trata-se de um plano de divisão político-administrativa do Iraque de acordo com as etnias, sunitas, xiitas e curdos. E o mais espantoso, parece ser um progresso no sentido de uma retirada das tropas estadunidenses de solo iraquiano, apresentada por um Senador Democrata, o pré-candidato à presidência, Joseph Biden.
É a lógica comum do pensamento amplamente difundido naquela sociedade, que hoje tem na intolerância com as diferenças um dos motes centrais de união nacional. E tal lógica caminha em direção exatamente oposta àquilo que os povos de todo o mundo vêm buscando e construindo, desde finais do século XIX, de superação e aceitação das diferenças.
Note-se que nada haveria de errado na divisão político-administrativa do Iraque, não fosse por dois aspectos da proposta ora em análise: 1 – é uma divisão imposta por um Estado invasor; 2 – não é apenas um processo de regionalização da administração burocrática e política, mas uma divisão de territórios com base em critério puramente étnico.
Tal proposta apresentada exatamente pelo grupo político que se opôs internamente à guerra, ainda que de forma moderada, nos serve a demonstrar aspectos óbvios tanto da política interna, quanto externa do Grande Império do Norte, como a flagrante inexistência de uma verdadeira democracia.
Observemos que a auto-intitulada democracia estadunidense tem duas características básicas: 1 – a maioria não exerce poder algum de decisão, como ficou claro na penúltima eleição em que Bush não alcançou a maioria dos votos, sendo eleito apenas em razão do sistema indireto, semelhante ao brasileiro do período militar; 2 – as visões de mundo divergentes são reprimidas, sendo admitidas apenas a manifestação do mesmo, com divergências apenas quanto aos métodos, representados por republicanos e democratas.
A tímida oposição do Partido Democrata à guerra, como já demonstravam os argumentos meramente táticos da época, nunca teve como foco aspectos como o direito de auto-determinação dos povos, respeito a soberania dos demais países ou qualquer desses valores que a evolução das sociedades contemporâneas consagrou. Tratava-se apenas de uma divergência quanto aos métodos mais eficazes de dominação do petróleo e dos povos da região, tendo os democratas uma postura mais sutil, de dominação preferencialmente pela pressão política, econômica e pequenas demonstrações bélicas, como os corriqueiros pequenos bombardeios ao norte do Iraque no período Clinton.
Por essa razão, a política agressiva e direta de dominação por meio das armas não representa uma divergência real, de fundo, com qualquer dos demais grupos que disputam a hegemonia política e econômica naquele país, apenas uma divergência de método. E em um país em que diariamente manifestantes são presos e até mesmo condenados, em que organizações políticas são proibidas apenas por seus posicionamentos políticos e onde os direitos e garantias fundamentais encontram-se suspensos, não há sequer possibilidade de questionamento quanto a tal realidade.
No aspecto puramente externo, tal política demonstra a mesma lógica pela qual se sustenta a invasão militar do Iraque, com o completo desprezo pelo Direito Internacional e pelos direitos dos povos. A auto-determinação do povo iraquiano sequer entrou na pauta de discussões políticas, nem mesmo em tom de consulta da vontade.
Podem argumentar alguns que a proposta que será discutida e votada no Senado estadunidense nesta terça não é uma decisão definitiva, pois realmente não é, mas apenas uma recomendação e uma autorização para que o governo adote tal política.
Entretanto, está-se falando em recomendar e autorizar que o governo de um país, no caso, do Império do Norte, que faça, independente da vontade popular, independente da participação ou manifestação daquele povo, uma divisão político-administrativa de forma unilateral.
E não fosse simplesmente a grave agressão à soberania, que vem a somar-se com a situação de ocupação estrangeira, ainda ganha contornos de divisão étnica, espécie de segregação mútua institucionalizada por uma força invasora.
E mais uma vez, ainda que sob o discurso de possibilitar a retirada das tropoas invasoras do Iraque, está-se a garantir a divisão forçada de um país, a perpetuação da política do invasor, garantindo também, a continuidade da dominação do povo, do território e das riquezas, ainda com a economia da presença militar.
E o Império do Norte avança suas fronteiras definitivas, nas mesmas bases em que fomentou conflitos no passado, garantindo a conjuntura presente, da mesma forma que segregou e massacrou estrangeiros, negros, japoneses e tantos outros em seu território, com um único foco: os ganhos econômicos e a dominação do capital.
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