segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Nacionalismo e Consciência de Classe

O episódio envolvendo Chavez, Zapatero e o Rei da Espanha, na Cúpula Ibero-Americana, faz-nos lembrar do caráter retrógrado e reacionário desse sentimento burguês do nacionalismo, que até defendemos atualmente em razão da desgraça de avanço da hegemonia reacionária nas sociedades modernas.

Historicamente, as classes dominantes se organizavam de acordo com seus interesses, tendo territórios delimitados como suas propriedades e com os viventes de seus territórios como sua classe oprimida particular. Era um tempo de monumental esforço para incutir nas mentes dos oprimidos algum vínculo com o território, para que os oprimidos fizessem a defesa do mesmo como se seu fosse.

Séculos se passaram e as classes dominantes, que se alternaram no comando da sociedade, foram criando mecanismos cada vez mais complexos e eficazes para subjugar os povos, oprimindo-os e explorando-os, ao mesmo tempo em que usa a classe oprimida e explorada para a defesa de seus interesses.

A organização dos Estados e Nações em grandes blocos territoriais sob governos representativos dos grandes grupos econômicos, possibilitou uma nova forma de luta pela ampliação de mercados, de mercados de exploração e de opressão de povos internos e estrangeiros. Se em tempos remotos, a construção de impérios demandava conflitos militares a partir de acordos entre chefes tribais e equivalentes, ou o uso de exércitos profissionais, as novas formas de organização da dominação se utilizam de outros elementos de manifestação subjetiva e de eficácia muito mais elevada.

Antes dos mecanismos atuais de dominação, muitos foram os conflitos construídos artificialmente com a finalidade de manter sob controle as massas populares: guerras étnicas, religiosas, conflitos por recursos naturais escassos, que sempre acabavam nas mãos de algum grande senhor de posses ao final.

Entretanto, tais mecanismos acabavam por causar mais transtornos do que o desejado pelas classes dominantes, até mesmo lhes causando instabilidades sistemáticas que acabavam por deixar seus domínios sob risco. Necessário foi, portanto, constituir-se um novo mecanismo capaz de regular-se de forma autônoma, permanente e sem muitos sobressaltos ou riscos ao domínio de classe.

A constituição das nações em repúblicas, não apenas em termos formais, mas em mecanismos de organização do Estado e da vida em sociedade, que na prática dominam até as monarquias restantes, também foram elementos fundamentais para a geração dessa nova necessidade e dessa nova prática.


Foi na Alemanha da década de 1930 que vimos de forma mais clara a manifestação nua e crua dessa tal prática nova, com o discurso nacionalista levando os nazistas ao poder, contra a suposta ameaça comunista e o suposto avanço dos judeus e ciganos sobre o “patrimônio” do povo alemão.

Tal realidade desnudou de forma categórica o caráter reacionário e conservador do discurso nacionalista, do nacionalismo puro e simples.

Não se trata aqui da valorização da cultura nacional ou de exaltação de caracteres de um povo ou de uma nação, mas do posicionamento político que se toma em relação aos cortes de distinção social.

Em última análise, pouco ou nada importa o local do nascimento, questões étnicas, formação cultural, etc. Em última análise, o que importa é a condição social do indivíduo e da classe a que pertence, ou seja, sua condição de explorado ou oprimido, ou sua condição de explorador ou opressor.

Desde os tempos das grandes navegações, Vêm sendo abolidas as fronteiras no que se refere a exploração do Homem pelo Homem. Escravos eram capturados na África para trabalharem nas Américas, povos de países europeus em situação de fome, como a Itália, eram levados para a América do Sul para servirem de mão de obra barata. Da mesma forma, hoje temos povos da Europa Oriental sendo tratados em regime de semi-escravidão ou trabalho precário na Europa Ocidental, latino americanos servindo para os trabalhos degradantes na América do Norte, Europa Ocidental e alguns países da Ásia, trabalhadores nacionais desses países importadores de mão de obra sendo jogados ao desemprego em razão da própria importação de mão de obra e da desregulamentação do mercado de trabalho.

Por outro lado, os grandes grupos econômicos já não possuem mais vínculos decisivos com limitações fronteiriças, tendo seu capital movimentado através do globo à procura da máxima lucratividade da exploração, em questão de segundos. Fábricas inteiras mudam-se do dia para a noite, em busca de trabalhadores mais baratos, que possam ser submetidos a condições mais terríveis do que os seus antecessores.

Portanto, não é a pátria o mais importante, pois a exploração, a opressão e o capital não possuem pátria. Possuem tão somente o seu interesse em perpetuar-se no comando, no domínio de classe frente aos povos de todo o mundo. As classes são, fundamentalmente, internacionais.

Mas vêm os representantes das classes dominantes, através de suas elites intelectuais, ideológicas, culturais, políticas e econômicas, através do processo de dominação ideológica e cultural, impor aos povos o senso de nacionalismo, de patriotismo, acima do senso de classe.

É por intermédio desse senso alienante, que as classes dominantes conseguem manter os oprimidos e explorados em constante estado de vigilância, não contra os seus verdadeiros algozes, mas contra os seus iguais, divididos apenas por idioma ou aparência, cultura ou territorialidade. E é assim que conseguem manter o seu poder de forma inquestionável, sempre desviando o foco dos inimigos verdadeiro da classe explorada, para um possível inimigo externo, terrível e ameaçador, ainda que somente à suposta “honra”, que nem mesmo pertence à classe trabalhadora.

E assim é que vimos a tosca situação na reunião de cúpula Ibero-Americana. Chavez, ao apontar corretamente os posicionamentos de classes na Espanha, identificando corretamente o fascismo de Aznar que por intermédio de mentiras e calúnias atacou de forma covarde a Zapateros, ser atacado pelo próprio Zapateros, que deveria possuir identidade de classe mais próxima à de Chavez e do povo oprimido e trabalhador. E tudo isso sob a mais absoluta aprovação do representante da velha aristocracia, o Rei Juan Carlos, que mostrando a verdadeira cara da classe dominante, com toda a sua descompostura, mandara Chavez calar-se.

Zapateros incorporou a mais perfeita pose do traidor de classe que se alia ao opressor em nome do “nacionalismo”, do “patriotismo”, contra sues irmãos oprimidos e explorados de outras nacionalidades. E não fossem as palavras de Ortega, apesar de Chavez não ter se calado frente ao Rei, estaria toda a classe dominante desse planeta gargalhando dos pobres trouxas, que ainda acreditam que as fronteiras colocam-se acima das classes.

Eles riem de nossas caras. E enquanto não nos compreendermos enquanto membros da nação humana, eles continuarão a rir, na certeza de que as picuinhas entre nós, geradas por eles, nos impedirão de tomarmos nossas vidas e nossos destinos em nossas mãos.

Terra, pátria da humanidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

O episódio envolvendo Chavez, Zapatero e o Rei da Espanha, na Cúpula Ibero-Americana, faz-nos lembrar do caráter retrógrado e reacionário desse sentimento burguês do nacionalismo, que até defendemos atualmente em razão da desgraça de avanço da hegemonia reacionária nas sociedades modernas.


Conde-O idiota analfabeto e amante de bandidos devia saber, ao menos, que o nacionalismo moderno é fruto da monarquia absolutista e só muito tempo depois a burguesia apareceu pra fazer alguma coisa. Aliás, o nacionalismo não é um sentimento burguês e sim cultural de vários povos que querem preservar sua identidade e sua auto-determinação. Comunistas analfabetos, que se vangloriam de ver um bandido em sua casa, mais do que a policia, ainda que esse marginal coma o cu da própria mãe, realmente é digno de ser cuspido na cara. É um lixo humano, uma bosta que precisa apertar a descarga.