quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Incapacidade de Mobilização e as Desculpas Esfarrapadas do “Cansei”

Depois do fiasco das primeiras mobilizações de rua, reunindo menos de 2 mil sem São Paulo, uma em Fortaleza, menos de 50 em Curitiba e por aí afora, os ricos proprietários do “Cansei” desistem de mobilizações de rua.

Foi uma intensa campanha de mídia e com vastos recursos, na tentativa de mobilizar um contingente de típicos cidadãos de classe média como “massa de manobra”. Artistas, comerciais de televisão, cobertura intensiva da mídia. Tudo isso envolvido num discurso despolitizado e alienante, negando a própria proposta do movimento, de trazer o país para uma típica agenda conservadora nos costumes e ultra-liberal na economia, nos moldes da extrema direita mais tradicional e fundamentalista.

O “Fora Lula”, a retomada das privatizações, redução dos serviços públicos e redução extrema dos impostos sobre o setor empresarial e especulativo são as bases do movimento, sem deixar de lado, é claro, questões como o fim das regulamentações e garantias legais dos trabalhadores com a flexibilização dos direitos trabalhistas.

Agora, intensifica-se a atuação da campanha de mídia por meio de celebridades. Ivete Sangalo, Hebe Camargo e a Regininha “Medinho” Duarte, dentre outros, são as estrelas da vez, com o intuito de tentar arrastar fãs, no mesmo padrão com que vão às portas de hotéis em histeria coletiva, às demonstrações de apoio às causas que não são deles.

Entretanto, o movimento que nasceu do oportunismo descarado, cujo discurso base foi desfeito já no nascedouro, recusa-se a incorporar uma mínima agenda popular alternativa, mantendo-se no padrão das exigências elitistas, ampliando, no máximo, aos anseios típicos de uma classe média alta provinciana.

Não custa lembrar que a motivação, a justificativa básica da criação do movimento encontra-se no trágico acidente aéreo com o avião da TAM, num discurso que imputava ao governo a culpa, a responsabilidade pelo mesmo. Mas antes de qualquer ação do movimento, tal justificativa caiu por terra, tendo a comprovação de que as razões do desastre fugiam completamente a alçada estatal.

Certo, Lula faz um governo trágico, mas não para esses membros da elite branca paulistana com sócios minoritários por todo o território nacional, pois que estão lucrando como nunca. Faz um governo trágico para as camadas populares que acreditaram no engodo de que esse governo iria trabalhar a mudança da vida dos menos favorecidos, dos explorados e oprimidos.

Daí que é justa qualquer mobilização contra a política desse governo, mas pelo lado e pelas razões exatamente opostas àquelas apresentadas por esse movimento de caráter extremamente reacionário e anti-popular. Seria justo, por exemplo, contra a reforma da previdência, contra a flexibilização de direitos trabalhistas, contra a política monetarista que condena tantos a fome e ao desemprego, contra o arroxo salarial do funcionalismo, por uma reforma agrária efetiva, por uma reforma urbana, dentre tantos outros pontos.

Mas o movimento nascido nos melhores salões da aristocracia paulistana não vê essa realidade popular pelas janelas de seus carros blindados. E não têm o menor interesse em ver tais temas tomando conta do noticiário nacional, pelo contrário.

Assim, sem qualquer apelo de massas, sem qualquer concessão popular, os patrões de sempre, vêm seu movimento naufragar, sem capacidade para reunir sequer o público de uma partida de futebol entre a Portuguesa e o XV de Piracicaba, ainda que somadas as mobilizações de todo o Brasil.

Diante de tal cruel realidade para nossos compatriotas que só falam de brasileiros em terceira pessoa, nada mais resta do que abandonar o discurso de mobilização de rua, partindo para a política do movimento cívico silencioso.

Ora, agora qualquer um que esteja em silêncio na data e hora determinadas arbitrariamente pelos patrões de sempre, por determinação interpretativa deles, estará aderindo ao movimento.

Num contorcionismo retórico digno dos mais inférteis debates sobre as glórias de clubes de futebol, nossos heróicos representantes da elite branca paulistana vêm a pôr-se em defensiva formal, dizendo-se avessos ao confronto e dispostos a abrir mão da sua imensurável capacidade de mobilização em defesa da não agressão.

A manifestação, mais um fracasso anunciado, de 17 de setembro, marcada para o local do acidente com o avião da TAM (a manifestação não pretendia nem citar a TAM como responsável por nada), mudou de endereço para a Praça da Sé. Não satisfeitos, pois continuaram sem vislumbrar qualquer possibilidade de empolgar as grandes massas com o discurso de defesa do direito de ser elite, mudaram novamente o foco da mobilização, que nem mobilização é mais.

Missa, essa é a solução dos nossos cansados, pois que não cabem muitas pessoas no interior da igreja, assim já está justificado o número reduzido de participantes no local. Mas claro que no discurso, todos os demais 130 milhões de brasileiros que devem estar em silêncio naquele exato minuto, só podem estar a aderir ao movimento.

Claro, a desculpa pronta não pára por aí, posto que no caso de sequer lotar a igreja, já se tem a desculpa também, pois que a religiosidade tão decantada do povo brasileiro, anda combalida nos últimos tempos, com franca desmobilização dos fiéis católicos. Pronto, se não lotar é culpa do Lula também, que por meio da deterioração moral imposta à sociedade afasta tantos brasileiros da religião, da moral e dos bons costumes.

Nos parece, até o momento, que a tentativa de reação de parte da elite branca paulistana, arrazoada mais no preconceito social e racial do que na realidade, posto que a maior parte dos setores da elite lucram como nunca, não terá capacidade para o mesmo êxito das “Marchas com Deus Pela Família e Pela Liberdade”, que deram a senha para o golpe militar de 1964.

Para a sorte de nosso povo, apesar de termos um governo de origens populares que nos traiu, temos uma elite cuja parcela mais conservadora e preconceituosa ainda é muito incompetente para por em prática seus planos golpistas e ditatoriais.

Para a nossa sorte, pois nossa capacidade de reação contra a opressão ainda deixa muito a desejar.

Preparemos-nos para o amanhã, pois que a incompetência desses endinheirados e dos papagaios dos patrões pode não durar para sempre.

5 comentários:

Anônimo disse...

É difícil ler até o final, de tanta besteira, preconceito e chavões jurássicos baseados em ideologias falidas.

A única parte que concordo é no final: um falso líder que traiu suas origens. De resto, meus pêsames pela falta de consciência de cidadania.

Unknown disse...

A Mônica está "cansadinha" de ver a elite branca paulistana ser chamada daquilo que ela é: racista, elitista, preconceituosa, oportunista, exploradora e hipócrita? Tadinha...

Anônimo disse...

Mônica. No dia em que essa turminha de fúteis e esnobes do "Cansei" souber o que é CIDADANIA, a gente conversa, ok?

Clovis Roberto Tonolli disse...

Pessoal,

Estou com a Mônica. ALguém que se presta a escreve um texto tão longo, deve estar desabafando e portanto sem valor. QUem sabe o que falar, o faz em poucas palavras.
É pena que no Brasil ainda tenham pessoas relacionando eventos com BUrguesia, elite Brasilileira.
QUal Elite: As dos miseráveis, como Orestes QUércia, Antonio Carlos Magalhães, Luis I. Lula da Silva, Dirceu, Valério, e outros que eram probres coitados e hoje são ELITE. Será desse elite que falam?
Será que falam do SIlvio Santos, de ANtonio Ermirio de Moraes e outros que eram miseráveis e hoje são Elite.

QUe estupidez, esses preconceitos da classe de pessoas inaptas, igonrantes, que não percebem que o mundo mudou, e que Classe média no BRasil não representa nada, e que nem sequer Democracia temos, pois somos obrigados a votar.

A essas pessoas, com respeito ao Marcio Delgado que pos seu nome, mas que note, que seu apoiador, é um Anonimo, escondido, típico da classe que gosta de falar mal da elite, que na verdade não existe.

Unknown disse...

Uma coisa eu concordo. Tirando a posição social, esses setores conservadores e reacionários não tem nada de "elite". Bem que eles queriam que fossem, mas...