Passados 43 anos do início do conflito colombiano, com nascimento marcado pelos violentos ataques de mais de 16 mil soldados contra 48 camponeses, um acordo de paz parece cada vez mais distante, em razão da mesma intransigência governamental que obrigou aqueles camponeses a organizarem-se em armas.
Nesses 43 anos, os camponeses que iniciaram sua luta ainda sem muito rumo, apenas com sonhos de sobrevivência e liberdade, acabaram por construir uma magnífica consciência de classe e da realidade, forjada por inúmeras baixas e sacrifícios, que hoje impede a suicida credulidade nas promessas do inimigo.
Foi a própria crueldade com que o Estado trata os mais humildes que obrigou à fundação das FARC-EP, como resistência aos sangrentos e cruéis massacres, em chegamos a ver 16 mil soldados em sangrentas perseguições contra 48 camponeses.
Na década de 1980, foi a tentativa de se construir a paz, com a deposição de armas por parte dos guerrilheiros, que ensinou às FARC-EP a jamais tornarem a aceitar imposições, somente negociando em condições de igualdade.
Naqueles anos da década de 1980, com a deposição de armas e a constituição política dos guerrilheiros na União Patriótica (UP), foram mais de 3 mil homens e mulheres, membros da organização, executados por forças governamentais e paramilitares de direita. Tal aprendizado na prática levou a guerrilha a jamais tornar a sentar-se em mesas de negociações a partir de imposições.
Hoje, um acordo humanitário tornou-se uma necessidade no conflito colombiano, tanto para os guerrilheiros como para o governo, a fim de amenizar um pouco do sofrimento gerado por tão longa guerra.
São mais de 500 guerrilheiros, líderes populares e sindicalistas sob custódia do Estado colombiano, ao mesmo tempo em que as FARC-EP mantêm quase 50 prisioneiros de guerra. A libertação desses prisioneiros que se encontram custodiados há tantos anos, tornou-se um imperativo do qual não se pode fugir, antes mesmo de tentar aprofundar qualquer negociação de paz.
Foram dezenas de comunicados e apelos internacionais divulgados pelas FARC nos últimos meses, pedindo o apoio internacional para um acordo humanitário que ponha fim a uma parte do sofrimento do povo colombiano.
A tais apelos responderam governos, organizações e povos de todo o mundo. E dentre os países, assumiram posições destacadas a França, Suécia, Espanha e Venezuela, inclusive pressionando o governo colombiano às negociações pelo acordo humanitário.
Tal pressão passou a surtir algum efeito quando nem mesmo os EUA, cuja pressão pela repressão aos camponeses rebeldes originou as FARC, puderam impedir uma declaração da cúpula do G8 que exigia a realização de negociações por um acordo humanitário na Colômbia, nesse ano de 2007.
Sob tal pressão irresistível o governo colombiano passou a admitir alguma negociação, inclusive tentando algumas manobras de publicidade, como a liberação de um dirigente guerrilheiro que, no entanto ficou proibido de permanecer em seu próprio país.
Porém, as negociações efetivas não tiveram início naquele momento, diante da absoluta inflexibilidade do governo Uribe em sentar-se à mesa de negociações com os representantes das FARC, para um efetivo acordo humanitário e um possível acordo de paz.
Diante de tal impasse, o presidente venezuelano, Hugo Chavez, ofereceu-se como mediador das negociações de paz e pelo acordo humanitário entre a guerrilha e o governo colombiano. Tal oferta foi prontamente aceita pelas FARC, sendo seguida da aceitação pelo governo colombiano que ficara sem condições de negar-se às negociações, sob pena de evidenciar a sua falta de disposição na construção de uma solução pacífica para o conflito. Assim, desde agosto de 2007, Chavez vem atuando como mediador nas negociações por um acordo humanitário entre guerrilha e governo.
Nesse período, inúmeras foram as conversas entre Chavez e representantes das FARC, assim como com representantes do governo colombiano, esses últimos, sempre em sigilo. Também foram diversas conversas com governos de outros países facilitadores do processo, como deve ocorrer hoje com o presidente francês.
Com esses procedimentos, o processo de negociações parecia avançar rumo a uma solução negociada, ao menos para um acordo humanitário que representasse a libertação de prisioneiros de ambos os lados. Porém, ainda havia a recusa do governo Uribe em efetivamente sentar-se à negociação com representantes do Estado-Maior das FARC.
No dia 09 de novembro, em conversa com Hugo Chavez em Santiago, no Chile, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse aceitar reunir-se com o comandante das FARC, Manuel Marulanda, decisão que significaria um profundo avanço nas negociações, acenando com uma possibilidade concreta de uma trégua no conflito que já dura mais de 4 décadas.
Mas logo na chegada de Hugo Chavez à França, onde deve tratar do assunto com o presidente francês, quase ao mesmo tempo em que Chavez anunciava a decisão e a disposição de Álvaro Uribe, o governo colombiano voltou a frustrar as expectativas de conclusão de um acordo, mostrando também a sua mais absoluta intransigência e falta de disposição na realização do acordo.
Em comunicado divulgado pelo Comissário Para a Paz, da Presidência da Colômbia, o governo de Uribe decidiu por estabelecer curtíssimo prazo para as negociações, além de fazer exigências que sabidamente as FARC não aceitarão, em razão dos reveses já ocorridos no passado.
O governo colombiano, de forma contrária a tudo o que havia sido acordado até então, decidiu impor, unilateralmente, o prazo de 31 de dezembro para o fim das negociações, querendo por fim a 43 anos de história num prazo de poucos meses. Além de tal imposição, o governo Uribe decidiu impor como condição para que aceite sentar-se à mesa de negociações com as FARC, a prévia libertação de todos os prisioneiros hoje em poder da guerrilha.
A posição feita pelo governo colombiano parece ser a expressa declaração de encerramento das negociações. Além da imposição de prazos, estabelecem como condição para negociar, que as FARC nem tenham mais o que negociar, pois só haveria prisioneiros em poder do governo colombiano.
Assim, o processo de construção de um acordo humanitário, há muito reivindicado pelas FARC e exigido por toda a comunidade internacional, parece mais uma vez descartado pelo governo colombiano, evidenciando novamente a sua mais absoluta falta de interesse no fim do conflito.
Os atos do governo Uribe apenas indicam aquilo que há muito os movimentos populares e diversas personalidades colombianas vêm denunciando: o interesse dos grupo uribista na manutenção do conflito, o envolvimento de todo o governo com os grupos paramilitares e com o narcotráfico, além do interesse na manutenção da intervenção militar estadunidense, com seus fartos recursos, na região.
E mais uma vez, o povo colombiano e latino americano vê as possibilidades do estabelecimento da paz distanciando-se, exclusivamente pelo espírito belicista, autoritário e terrorista de um dos mais criminosos governos da história recente da região.
Nesses 43 anos, os camponeses que iniciaram sua luta ainda sem muito rumo, apenas com sonhos de sobrevivência e liberdade, acabaram por construir uma magnífica consciência de classe e da realidade, forjada por inúmeras baixas e sacrifícios, que hoje impede a suicida credulidade nas promessas do inimigo.
Foi a própria crueldade com que o Estado trata os mais humildes que obrigou à fundação das FARC-EP, como resistência aos sangrentos e cruéis massacres, em chegamos a ver 16 mil soldados em sangrentas perseguições contra 48 camponeses.
Na década de 1980, foi a tentativa de se construir a paz, com a deposição de armas por parte dos guerrilheiros, que ensinou às FARC-EP a jamais tornarem a aceitar imposições, somente negociando em condições de igualdade.
Naqueles anos da década de 1980, com a deposição de armas e a constituição política dos guerrilheiros na União Patriótica (UP), foram mais de 3 mil homens e mulheres, membros da organização, executados por forças governamentais e paramilitares de direita. Tal aprendizado na prática levou a guerrilha a jamais tornar a sentar-se em mesas de negociações a partir de imposições.
Hoje, um acordo humanitário tornou-se uma necessidade no conflito colombiano, tanto para os guerrilheiros como para o governo, a fim de amenizar um pouco do sofrimento gerado por tão longa guerra.
São mais de 500 guerrilheiros, líderes populares e sindicalistas sob custódia do Estado colombiano, ao mesmo tempo em que as FARC-EP mantêm quase 50 prisioneiros de guerra. A libertação desses prisioneiros que se encontram custodiados há tantos anos, tornou-se um imperativo do qual não se pode fugir, antes mesmo de tentar aprofundar qualquer negociação de paz.
Foram dezenas de comunicados e apelos internacionais divulgados pelas FARC nos últimos meses, pedindo o apoio internacional para um acordo humanitário que ponha fim a uma parte do sofrimento do povo colombiano.
A tais apelos responderam governos, organizações e povos de todo o mundo. E dentre os países, assumiram posições destacadas a França, Suécia, Espanha e Venezuela, inclusive pressionando o governo colombiano às negociações pelo acordo humanitário.
Tal pressão passou a surtir algum efeito quando nem mesmo os EUA, cuja pressão pela repressão aos camponeses rebeldes originou as FARC, puderam impedir uma declaração da cúpula do G8 que exigia a realização de negociações por um acordo humanitário na Colômbia, nesse ano de 2007.
Sob tal pressão irresistível o governo colombiano passou a admitir alguma negociação, inclusive tentando algumas manobras de publicidade, como a liberação de um dirigente guerrilheiro que, no entanto ficou proibido de permanecer em seu próprio país.
Porém, as negociações efetivas não tiveram início naquele momento, diante da absoluta inflexibilidade do governo Uribe em sentar-se à mesa de negociações com os representantes das FARC, para um efetivo acordo humanitário e um possível acordo de paz.
Diante de tal impasse, o presidente venezuelano, Hugo Chavez, ofereceu-se como mediador das negociações de paz e pelo acordo humanitário entre a guerrilha e o governo colombiano. Tal oferta foi prontamente aceita pelas FARC, sendo seguida da aceitação pelo governo colombiano que ficara sem condições de negar-se às negociações, sob pena de evidenciar a sua falta de disposição na construção de uma solução pacífica para o conflito. Assim, desde agosto de 2007, Chavez vem atuando como mediador nas negociações por um acordo humanitário entre guerrilha e governo.
Nesse período, inúmeras foram as conversas entre Chavez e representantes das FARC, assim como com representantes do governo colombiano, esses últimos, sempre em sigilo. Também foram diversas conversas com governos de outros países facilitadores do processo, como deve ocorrer hoje com o presidente francês.
Com esses procedimentos, o processo de negociações parecia avançar rumo a uma solução negociada, ao menos para um acordo humanitário que representasse a libertação de prisioneiros de ambos os lados. Porém, ainda havia a recusa do governo Uribe em efetivamente sentar-se à negociação com representantes do Estado-Maior das FARC.
No dia 09 de novembro, em conversa com Hugo Chavez em Santiago, no Chile, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse aceitar reunir-se com o comandante das FARC, Manuel Marulanda, decisão que significaria um profundo avanço nas negociações, acenando com uma possibilidade concreta de uma trégua no conflito que já dura mais de 4 décadas.
Mas logo na chegada de Hugo Chavez à França, onde deve tratar do assunto com o presidente francês, quase ao mesmo tempo em que Chavez anunciava a decisão e a disposição de Álvaro Uribe, o governo colombiano voltou a frustrar as expectativas de conclusão de um acordo, mostrando também a sua mais absoluta intransigência e falta de disposição na realização do acordo.
Em comunicado divulgado pelo Comissário Para a Paz, da Presidência da Colômbia, o governo de Uribe decidiu por estabelecer curtíssimo prazo para as negociações, além de fazer exigências que sabidamente as FARC não aceitarão, em razão dos reveses já ocorridos no passado.
O governo colombiano, de forma contrária a tudo o que havia sido acordado até então, decidiu impor, unilateralmente, o prazo de 31 de dezembro para o fim das negociações, querendo por fim a 43 anos de história num prazo de poucos meses. Além de tal imposição, o governo Uribe decidiu impor como condição para que aceite sentar-se à mesa de negociações com as FARC, a prévia libertação de todos os prisioneiros hoje em poder da guerrilha.
A posição feita pelo governo colombiano parece ser a expressa declaração de encerramento das negociações. Além da imposição de prazos, estabelecem como condição para negociar, que as FARC nem tenham mais o que negociar, pois só haveria prisioneiros em poder do governo colombiano.
Assim, o processo de construção de um acordo humanitário, há muito reivindicado pelas FARC e exigido por toda a comunidade internacional, parece mais uma vez descartado pelo governo colombiano, evidenciando novamente a sua mais absoluta falta de interesse no fim do conflito.
Os atos do governo Uribe apenas indicam aquilo que há muito os movimentos populares e diversas personalidades colombianas vêm denunciando: o interesse dos grupo uribista na manutenção do conflito, o envolvimento de todo o governo com os grupos paramilitares e com o narcotráfico, além do interesse na manutenção da intervenção militar estadunidense, com seus fartos recursos, na região.
E mais uma vez, o povo colombiano e latino americano vê as possibilidades do estabelecimento da paz distanciando-se, exclusivamente pelo espírito belicista, autoritário e terrorista de um dos mais criminosos governos da história recente da região.
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