terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Cadela Milionária e a Cegueira Seletiva da Imprensa

No transcorrer dessa terça-feira, como de hábito, pesquisei algumas agências de notícias independentes e agências internacionais, além dos principais jornais de circulação nacional.

Há muito, reparo que a imprensa nacional não só tem se ocupado de seu papel histórico de defesa de interesses específicos, como também tem caído em uma absurda mediocridade.

Episódios como o “Cansei”, ou as acusações contra Renan Calheiros, que dominaram as manchetes durante grande período, não mostraram qual o seu “grande” interesse, exceto a tentativa de gerar notícias pelas próprias notícias. O primeiro virou piada, o segundo, em razão de as acusações não fugirem em nada àquilo que a imprensa acoberta de tantos outros, continua com seu mandato e seu prestígio entre seus colegas.

A imprensa brasileira deixou de ser apenas um grupinho de defesa de interesses privados, para tornar-se absolutamente enfadonha.

Tive a plena comprovação disso nessa pesquisa cotidiana de terça-feira.

Na Bolívia, temos casos de seqüestros e tortura de constituintes, mas na imprensa brasileira não há uma linha. Na Rússia temos denúncias de fraudes e eleitores votando sob a mira de armas, mas na imprensa brasileira, apenas leves comentários sobre alguns descontentes. No Paraguai, denúncias relativas às históricas corrupção e manipulação da Itaipu por agentes brasileiros, feitas pelo candidato presidencial favorito, Fernando Lugo, mas na Imprensa Brasileira nada.

Ao pesquisar a imprensa internacional, tanto a independente quanto a comercial, encontrei tudo isso. E ao resolver buscar versões brasileiras da notícia é que eu descobri que o mundo não é interessante para eles, nem mesmo com tantos casos de convulsão social e tantos acontecimentos. E foi aquele que é tido como “principal jornal brasileiro” que eu tive a amostra definitiva desse caráter enfadonho da grande imprensa nacional, com a ausência de tantas notícias importantes, mas a presença da “cachorrinha milionária”.

Todos esses importantes casos internacionais citados, não mereceram uma única linha da Folha de São Paulo. Mas foi pesquisando a sua seção “mundo”, que eu descobri que a “cachorrinha milionária é ameaçada e passa a usar nome falso”.

Se muitas vezes preciso explicar às pessoas a razão de minha preocupação com tantos casos e fatos que acontecem pelo mundo afora, gostaria que alguém da imprensa nacional me explicasse as razões de as ameaças de morte e o uso de nome falso pela cachorrinha milionária dos Estados Unidos ser mais importante do que o processo constituinte na Bolívia e Equador, do que as fraudes e ameaças na Rússia, ou os seqüestros e torturas de constituintes na Bolívia.

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