O forte processo de transformações populares pelo qual passa a América Latina tem levado grandes preocupações a Washington.
Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, FARC na Colômbia, Assembléia Popular em Oaxaca, transformações da estrutura econômica na Argentina, Banco do Sul, solidariedade a Cuba, integração acelerada, vários são os movimentos que indicam uma independência da região em relação às políticas colonialistas. Com isso, mais do que esperadas as fortes reações estadunidenses.
Depois das trágicas experiências de implantação de ditaduras militares pelo continente, promovidas por Washington, seria esperado que movimentos de tais contornos tivessem sido completamente abandonados. Ainda assim, houve a tentativa de golpe na Venezuela, sob ordens, financiamento e organização estadunidense, como também o início do movimento golpista e separatista na Bolívia teve a mesma origem. Porém, em países de maior peso econômico na região, tal política se torna mais arriscada, em razão da grande visibilidade dos mesmos no mundo inteiro, além de nenhuma das principais economias da região se encontrar em processo tão avançados quanto os dois alvos principais. Mas alguns deles têm incomodado, ainda assim.
Agora surge um caso clássico de tentativa de desestabilização do governo da Argentina, ao mesmo tempo em que se tenta afasta-lo do principal desafeto de Washington na América Latina, o presidente venezuelano Hugo Chavez.
A acusação é de um suposto envio de 800 mil dólares, de Chavez, para a campanha presidencial de Cristina Kirchner, de forma ilegal. O dinheiro foi apreendido com o empresário de cidadania venezuelana e estadunidense, Guido Antonini Wilson, no dia 04 de agosto, quando o empresário tentava desembarcar em Buenos Aires, de um vôo fretado por uma estatal argentina, com o dinheiro em mãos.
Na ocasião, o empresário que possui negócios no ramo de petróleo, viajava em companhia de funcionários da venezuelana PDVSA e funcionários do governo argentino, teve o dinheiro apreendido e foi liberado, o que permitiu que retornasse a Miami, onde possui residência.
Nos Estados Unidos, o FBI realizou a prisão de 3 empresários venezuelanos e um uruguaio, sob a acusação de serem agentes a serviço do governo venezuelano, encarregados de impedir que Wilson revelasse a origem e o destino do dinheiro apreendido. E foi na acusação contra os quatro empresários presos que surgiu a tese acusatória contra Chavez e Cristina Kirchner.
Segundo o Procurador Federal, Thomas Mulvihill, encarregado do caso, o dinheiro seria uma contribuição ilegal do governo venezuelano à campanha de Cristina. A acusação é negada de forma veemente por Cristina e por representantes do governo venezuelano.
Com tal tese acusatória, o governo estadunidense deve impedir a extradição de Wilson à Argentina, onde deveria responder pela origem e pelo destino do dinheiro apreendido, ou seja, pelo crime efetivamente cometido.
A tese do Procurador estadunidense, segundo divulgado por agências de notícias, seria baseada em escutas telefônicas realizadas pelo FBI. O conteúdo de tais escutas até o momento não foi divulgado, nem a existência das mesmas foi confirmada pelo FBI até o momento.
Inúmeros questionamentos deveriam ser feitos sobre o caso, mas o governo estadunidense não parece disposto a respondê-las.
A acusação de uma doação ilegal, em dinheiro transportado em malas, de um país para uma campanha presidencial, é bastante estranha.
Caso um país qualquer desejasse executar tal operação, o caminho mais simples seria o mesmo adotado pelo governo dos Estados Unidos, em operações de financiamento de campanhas e movimentos, ou seja, via embaixada e consulados. Dessa forma, o dinheiro estaria disponível no país de destino sem passar pelos riscos do transporte, ao mesmo tempo em que estaria resguardado por todo o sigilo das operações diplomáticas. De tal forma, caso a acusação fosse verdadeira, resta explicar as razões de não terem feito tal operação através da representação diplomática.
Mesmo no caso de se descartar tal questionamento, sob a alegação de que a estratégia exigia um sigilo completo, com a operação sendo ocultada até do corpo diplomático venezuelano, resta a pergunta acerca das razões da não utilização de operações financeiras internacionais. É notória que o caminho mais seguro para operações ilícitas é a circulação do dinheiro através de contas em paraísos fiscais, usando empresas de fachada, tornando o rastreamento até mesmo impossível.
Ainda que se descarte tal questionamento mais, cabe lembrar que apenas dois dias após a apreensão do dinheiro, o presidente venezuelano estaria em visita oficial à Argentina. Como é sabido por todos, caso Chavez desejasse efetuar tal alegada operação, o mais seguro caminho seria através de sua própria comitiva, que como qualquer comitiva presidencial, é imune a qualquer tipo de revista, mesmo alfandegária.
Trata-se, portanto, de uma acusação leviana e caricata, que não leva em conta a realidade e as inúmeras possibilidades lógicas para a execução de uma operação desse tipo bem sucedida.
Além disso, a acusação esquece de questionar o que levaria a uma doação dessas, visto a folgada vantagem da então candidata à cadeira presidencial, que em razão da vitória certa também contava com folgados recursos financeiros para sua campanha.
A acusação se baseia, única e exclusivamente, nas supostas interceptações telefônicas e gravações supostamente obtidas pelo FBI. Mas tais gravações jamais foram apresentadas, nem seu conteúdo divulgado.
E mesmo com tudo isso, resta o questionamento acerca de legalidade, legitimidade e razões de interceptações e gravações de conversas, promovidas pelo FBI, contra autoridades de outros países. É, sem dúvida, uma grave infração a todos os protocolos e toda a legislação internacional a alegação da existência de tal tipo de procedimento.
Como pode se verificar, tal tese acusatória carece de legitimidade, carece de base na realidade, de uma análise das possibilidades, ou seja, de qualquer embasamento mínimo, sendo tão somente uma caricata tese difamatória, das piores já elaboradas por Washington em suas guerras de propaganda e desestabilização.
Fica evidente, a partir de tal observação, que se trata apenas de mais uma tentativa de inviabilizar a integração latino americana e a aproximação dos países não alinhados à política da Casa Branca para a região.
Mas se a estratégia do governo estadunidense era isolar Chavez e desestabilizar a Argentina, parece que seus planos falharam por completo. A desestabilização na Argentina não veio, tendo Cristina Kirchner uma popularidade ainda mais alta do que a quantidade de votos que a levaram ao governo. E a julgar pelas declarações dos governos do Equador, Bolívia, Uruguai, além do desdém do Brasil, Chile, dentre outros, os únicos que correm algum risco de isolamento na região são os próprios conspiradores sediados em Washington.
Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, FARC na Colômbia, Assembléia Popular em Oaxaca, transformações da estrutura econômica na Argentina, Banco do Sul, solidariedade a Cuba, integração acelerada, vários são os movimentos que indicam uma independência da região em relação às políticas colonialistas. Com isso, mais do que esperadas as fortes reações estadunidenses.
Depois das trágicas experiências de implantação de ditaduras militares pelo continente, promovidas por Washington, seria esperado que movimentos de tais contornos tivessem sido completamente abandonados. Ainda assim, houve a tentativa de golpe na Venezuela, sob ordens, financiamento e organização estadunidense, como também o início do movimento golpista e separatista na Bolívia teve a mesma origem. Porém, em países de maior peso econômico na região, tal política se torna mais arriscada, em razão da grande visibilidade dos mesmos no mundo inteiro, além de nenhuma das principais economias da região se encontrar em processo tão avançados quanto os dois alvos principais. Mas alguns deles têm incomodado, ainda assim.
Agora surge um caso clássico de tentativa de desestabilização do governo da Argentina, ao mesmo tempo em que se tenta afasta-lo do principal desafeto de Washington na América Latina, o presidente venezuelano Hugo Chavez.
A acusação é de um suposto envio de 800 mil dólares, de Chavez, para a campanha presidencial de Cristina Kirchner, de forma ilegal. O dinheiro foi apreendido com o empresário de cidadania venezuelana e estadunidense, Guido Antonini Wilson, no dia 04 de agosto, quando o empresário tentava desembarcar em Buenos Aires, de um vôo fretado por uma estatal argentina, com o dinheiro em mãos.
Na ocasião, o empresário que possui negócios no ramo de petróleo, viajava em companhia de funcionários da venezuelana PDVSA e funcionários do governo argentino, teve o dinheiro apreendido e foi liberado, o que permitiu que retornasse a Miami, onde possui residência.
Nos Estados Unidos, o FBI realizou a prisão de 3 empresários venezuelanos e um uruguaio, sob a acusação de serem agentes a serviço do governo venezuelano, encarregados de impedir que Wilson revelasse a origem e o destino do dinheiro apreendido. E foi na acusação contra os quatro empresários presos que surgiu a tese acusatória contra Chavez e Cristina Kirchner.
Segundo o Procurador Federal, Thomas Mulvihill, encarregado do caso, o dinheiro seria uma contribuição ilegal do governo venezuelano à campanha de Cristina. A acusação é negada de forma veemente por Cristina e por representantes do governo venezuelano.
Com tal tese acusatória, o governo estadunidense deve impedir a extradição de Wilson à Argentina, onde deveria responder pela origem e pelo destino do dinheiro apreendido, ou seja, pelo crime efetivamente cometido.
A tese do Procurador estadunidense, segundo divulgado por agências de notícias, seria baseada em escutas telefônicas realizadas pelo FBI. O conteúdo de tais escutas até o momento não foi divulgado, nem a existência das mesmas foi confirmada pelo FBI até o momento.
Inúmeros questionamentos deveriam ser feitos sobre o caso, mas o governo estadunidense não parece disposto a respondê-las.
A acusação de uma doação ilegal, em dinheiro transportado em malas, de um país para uma campanha presidencial, é bastante estranha.
Caso um país qualquer desejasse executar tal operação, o caminho mais simples seria o mesmo adotado pelo governo dos Estados Unidos, em operações de financiamento de campanhas e movimentos, ou seja, via embaixada e consulados. Dessa forma, o dinheiro estaria disponível no país de destino sem passar pelos riscos do transporte, ao mesmo tempo em que estaria resguardado por todo o sigilo das operações diplomáticas. De tal forma, caso a acusação fosse verdadeira, resta explicar as razões de não terem feito tal operação através da representação diplomática.
Mesmo no caso de se descartar tal questionamento, sob a alegação de que a estratégia exigia um sigilo completo, com a operação sendo ocultada até do corpo diplomático venezuelano, resta a pergunta acerca das razões da não utilização de operações financeiras internacionais. É notória que o caminho mais seguro para operações ilícitas é a circulação do dinheiro através de contas em paraísos fiscais, usando empresas de fachada, tornando o rastreamento até mesmo impossível.
Ainda que se descarte tal questionamento mais, cabe lembrar que apenas dois dias após a apreensão do dinheiro, o presidente venezuelano estaria em visita oficial à Argentina. Como é sabido por todos, caso Chavez desejasse efetuar tal alegada operação, o mais seguro caminho seria através de sua própria comitiva, que como qualquer comitiva presidencial, é imune a qualquer tipo de revista, mesmo alfandegária.
Trata-se, portanto, de uma acusação leviana e caricata, que não leva em conta a realidade e as inúmeras possibilidades lógicas para a execução de uma operação desse tipo bem sucedida.
Além disso, a acusação esquece de questionar o que levaria a uma doação dessas, visto a folgada vantagem da então candidata à cadeira presidencial, que em razão da vitória certa também contava com folgados recursos financeiros para sua campanha.
A acusação se baseia, única e exclusivamente, nas supostas interceptações telefônicas e gravações supostamente obtidas pelo FBI. Mas tais gravações jamais foram apresentadas, nem seu conteúdo divulgado.
E mesmo com tudo isso, resta o questionamento acerca de legalidade, legitimidade e razões de interceptações e gravações de conversas, promovidas pelo FBI, contra autoridades de outros países. É, sem dúvida, uma grave infração a todos os protocolos e toda a legislação internacional a alegação da existência de tal tipo de procedimento.
Como pode se verificar, tal tese acusatória carece de legitimidade, carece de base na realidade, de uma análise das possibilidades, ou seja, de qualquer embasamento mínimo, sendo tão somente uma caricata tese difamatória, das piores já elaboradas por Washington em suas guerras de propaganda e desestabilização.
Fica evidente, a partir de tal observação, que se trata apenas de mais uma tentativa de inviabilizar a integração latino americana e a aproximação dos países não alinhados à política da Casa Branca para a região.
Mas se a estratégia do governo estadunidense era isolar Chavez e desestabilizar a Argentina, parece que seus planos falharam por completo. A desestabilização na Argentina não veio, tendo Cristina Kirchner uma popularidade ainda mais alta do que a quantidade de votos que a levaram ao governo. E a julgar pelas declarações dos governos do Equador, Bolívia, Uruguai, além do desdém do Brasil, Chile, dentre outros, os únicos que correm algum risco de isolamento na região são os próprios conspiradores sediados em Washington.
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