O presidente colombiano, Álvaro Uribe, nunca escondeu que não desejava negociar com as FARC-EP, mas sim destruí-los de forma definitiva. Sua gestão na presidência foi marcada pela extrema militarização do país, pelo aumento de forças de segurança e militares estadunidenses e pelo aumento das ações militares e confrontos armados no país.
Se por um lado a violência no país, oficialmente foi reduzida, os ataques e massacres em pequenos povoados pelo interior do país, atribuídos às próprias forças armadas colombianas e alguns grupos não identificados, provavelmente remanescentes dos grupos paramilitares de direita, sofreu um significativo crescimento. Além disso, os ataques aéreos contra populações civis se intensificaram, fazendo vítimas de todos os tipos e idades, como ficou claro no episódio em que o governo colombiano alegava ter matado o guerrilheiro Negro Acácio.
Foi com esse espírito que a Colômbia iniciou o processo de negociação para o Acordo Humanitário com a guerrilha, mediado pelo presidente venezuelano Hugo Chavez e pela senadora colombiana Piedad Córdoba. Tal processo de negociação, na verdade, só teve início em razão da forte pressão internacional por uma solução negociada, capitaneada pelos governos de Suécia, Suíça e Venezuela, com alguma participação de França, Espanha e Bélgica, que conseguiram incluir a questão até mesmo em declarações da principal reunião do G8 deste ano.
Assim foi que a Colômbia dispôs-se a uma negociação aparente apenas para dar satisfação à comunidade internacional, sem jamais pretender de fato uma negociação efetiva. E exatamente assim foi feito.
Durante o processo de negociação, a cada nova conversa do presidente venezuelano, ou da senadora colombiana, com representantes das FARC-EP, Uribe fazia novas declarações hostis, aumentava as exigências, descartava atender aos pedidos dos guerrilheiros e aumentava as incursões militares e os anúncios falsos de mortes de lídees da guerrilha. A postura do governo colombiano já começava a deixar claro para o mundo que Uribe não deixaria aquele processo de negociação obter êxito, nem que para isso tivesse que interrompê-lo a qualquer momento. E assim foi feito.
No mês de novembro, de forma inesperada e unilateral, Uribe anunciou, através da imprensa, que Chavez e Córdoba teriam até 31 de dezembro para concluir as negociações pelo Acordo Humanitário. Não fosse o desrespeito do anúncio, que através da imprensa pegou Chavez e Córdoba de surpresa, o prazo exíguo, evidentemente, tornava quase absolutamente inviável o sucesso daquele processo de negociação. Com isso, Chavez e Córdoba, junto aos representantes da guerrilha, buscaram intensificar o processo de negociação.
A intensificação do processo de negociação, que tudo indicava ser bem sucedido, novamente desagradou Uribe, que decidiu interromper, de forma abrupta, a gestão de Chavez e Córdoba como mediadores, causando o fim do processo de negociação e uma crise diplomática entre Colômbia e Venezuela.
O que Uribe não esperava após essa sua decisão, foi o fato de nenhuma nação do mundo, exceto os Estados Unidos que desde o início se mostraram insatisfeitos com as negociações, ter manifestado claro apoio ao seu ato. Além disso, a reação dos familiares dos prisioneiros em poder das FARC, de total apoio a Chavez e Córdoba, reprovando e condenando de forma veemente o ato de Uribe, foi um elemento inesperado. Como última peça da tragédia de Uribe, foram encontradas as provas de vida dos prisioneiros, que as FARC estavam reunindo para entregar a Chavez e Córdoba, conforme exigências do processo de negociação, provando de forma definitiva que a gestão dos mediadores estava em franco avanço no processo de negociação.
Com todos esses fatores, Uribe viu-se impelido a buscar justificativas para o fim daquelas negociações, bem como buscar a retomada do diálogo com a guerrilha com o apoio de mediadores e observadores internacionais. Restava a Uribe a esperança de que os países chamados a colaborar preferissem manter-se observando apenas a distância, em suposto respeitos à “autonomia colombiana”. Com isso Uribe buscou o presidente Francês, Sarkozy, que em outras ocasiões adotara tal postura. Mas dessa vez Sarkozy, de forma inesperada para Uribe, aceitou uma participação mais efetiva no processo de negociação.
Além de Sarkozy, os familiares dos prisioneiros em poder das FARC, pediam ainda a volta de Chavez e a presença de Lula, presidente brasileiro, como mediador e facilitador do Acordo Humanitário. Para a questão de Chavez, Uribe manteve o afastamento, apoiando-se na crise diplomática entre os dois países. Porém, com relação a Sarkozy e Lula, o presidente colombiano fica sem alternativas de escapar à negociação efetiva, em razão dos grande respaldo e prestígio internacional dos dois presidentes, além do peso diplomático de Brasil e França no cenário internacional.
Com tal conjuntura, não tendo como evitar que a participação efetiva de Sarkozy aconteça, além de ver se aproximando a entrada de Lula no processo de negociação, Uribe se vê numa verdadeira encruzilhada, sem alternativas claras para forçar novo fracasso do processo de negociação.
Além da presença dos dois presidentes que Uribe não poderá sabotar nas negociações, a pressão dos familiares dos prisioneiros em poder das FARC cresce a cada dia.
Nos últimos dias, familiares dos prisioneiros estiveram reunidos com o presidente venezuelano e com a senadora colombiana, intensificando sua pressão por negociações humanitárias efetivas na Colômbia. Algumas declarações de familiares, notadamente as de Astrid, irmã da ex-candidata presidencial colombiana, Ingrid Betancourt, caíram como uma bomba no colo de Uribe, desmascarando toda a imagem de boas intenções que o presidente colombiano tentou construir artificialmente, enquanto buscava apenas construir uma imagem negativa da guerrilha entre os colombianos e a comunidade internacional, preparando uma maior ofensiva militar que massacrasse a guerrilha e todos os civis que os apóiam em todo o interior do país.
Nessa sexta-feira, as declarações de familiares que ainda guardavam um certo tom de diplomacia na acusações contra Uribe, ganharam em clareza e objetividade, não mais mantendo qualquer compromisso em não desagradar Uribe.
O marido da prisioneira Ingrid Betancourt, Juan Carlos Lecompte, afirmou, com todas as letras, que Uribe “aposta na solução militar, e isso termina com os reféns mortos”. Tal afirmação vem sendo feita pelas FARC-EP, em inúmeros comunicados, há muito tempo, não sem razão.
Em junho desse ano, Uribe conseguiu a morte de 11, dos doze deputados do Vale del Cauca em poder da guerrilha. As FARC acusam os agentes da operação militar pela morte dos deputados e exigiram que fossem periciados todos os corpos, quando de sua entrega. As informações sobre os resultados das perícias prometidas até hoje não foram divulgados, muito provavelmente por comprovar a responsabilidade das forças oficiais da Colômbia e Estados Unidos envolvidas naquela trapalhada operação.
Diante dessa situação complicada que se aproxima para Uribe, o presidente colombiano ainda tenta novos jogos de cena, tendo anunciado nessa última semana, a aceitação de algumas condições para o estabelecimento efetivo das negociações, tentando evitar que qualquer diálogo seja efetivado diretamente pelos Chefes de Estado brasileiro e Francês. Uribe declarou que aceitaria o estabelecimento de uma zona de negociações, com a extensão pedida pelas FARC, mas descartou a possibilidade de estabelecê-la em Florida e Pradera, conforme exigido pelos guerrilheiros, como também rejeitou desmilitarizar qualquer área, afirmando que estabeleceria uma área onde não existam postos militares ou policiais.
Tais promessas de Uribe, como ficam claras, visam somente tentar imputar às FARC a responsabilidade pelo fracasso das negociações, sem que os presidentes francês e brasileiro entrem nas negociações, legitimando atitudes belicista de Uribe e EUA.
Uribe tem plena consciência de que a exigência de localização das FARC, para estabelecimento da zona desmilitarizada em Florida e Pradera, é feita por serem os locais em que a guerrilha pode chegar com os prisioneiros em segurança. Assim Uribe rejeita tal exigência, inviabilizando que as FARC possam transportar os prisioneiros até a área de negociações, garantindo o fracasso das negociações e imputando a responsabilidade à guerrilha. Além disso, Uribe se recusa a desmilitarizar qualquer área, demonstrando que pretende manter a mobilização militar ao extremo, para poder manter suas incursões e os ataques constantes, inclusive a populações civis, em qualquer localidade que tenha alguma influência da guerrilha.
E nisso, Lecompte, marido de Betancourt, faz o diagnóstico preciso, ao dizer “Não acredito em Uribe, ele busca ganhar tempo, distrair, é desumano. A zona de controle que propõe é vaga, não são os municípios de Florida e Pradera exigidos pelas Farc”.
Entretanto, com a forte pressão exercida pelos familiares dos prisioneiros e a disposição de Brasil e França de buscarem uma efetiva solução pacífica para a questão dos prisioneiros, deixa o presidente colombiano em situação extremamente complicada, oferecendo sério risco aos seus planos.
Pode-se dizer que o “tempo” que Uribe procura ganhar pode acabar nessa segunda-feira, na cerimônia de posse de Cristina Kirchner como presidente da Argentina. Lula já confirmou presença e sua intenção de discutir o assunto com Uribe, efetivando seu ingresso no processo de negociação. O mesmo pode acontecer com a França na mesma ocasião. A própria presidente argentina que será empossada, também pode passar a integrar o processo, após a reunião com Lecompte nessa sexta, onde comprometeu-se a buscar que Uribe efetivamente se sentasse à negociação.
Segundo Lecompte, mesmo a gestão de Chavez no processo não pode ser descartada, pois para ele a entrada de Lula nas negociações é bem vinda, mas “a melhor opção era e é Hugo Chávez, que as Farc admiram e em quem acreditam mais”.
Ele alerta para a situação da Colômbia, com a extrema manipulação da opinião pública por Uribe, que assim como as FARC, compara a Hitler, ao afirmar que a situação do povo colombiano é como a situação do povo alemão “na ascensão do nazismo e no apoio a (Adolf) Hitler”. Ele afirma que “Uribe pode estuprar uma menina na TV que vão aplaudir, vão dizer que ela usava minissaia, que paquerou, essas coisas. Ele tem o apoio dos grandes meios de comunicação para cegar o povo”.
Resta agora saber se Uribe, como tem feito até agora, conseguira, mais uma vez, ludibriar a opinião pública colombiana e a comunidade internacional, além de precisar desmoralizar França e Brasil para alcançar seu objetivo.
É no fracasso dos planos de Uribe que apostam os familiares dos prisioneiros. Depende do fracasso de Uribe e do sucesso da pressão internacional das FARC-EP, por uma solução humanitária para a questão dos prisioneiros, a vida dos 45 prisioneiros em poder das FARC, o futuro dos 500 prisioneiros em poder do governo colombiano e o futuro da própria Colômbia.
Nessa encruzilhada histórica em que se encontra Uribe será definido o caminho de toda a Colômbia: ou rumo a um processo de paz, como desejam as FARC-EP, o povo colombiano e a comunidade internacional, ou no rumo de um verdadeiro banho de sangue que justifique a escalada militar e a continuidade dos massacres e da presença militar estadunidense, como desejam Uribe e Bush.
Tomara o caminho seja a vitória dos desejos das FARC, do povo colombiano, da comunidade internacional, o caminho da paz.
Se por um lado a violência no país, oficialmente foi reduzida, os ataques e massacres em pequenos povoados pelo interior do país, atribuídos às próprias forças armadas colombianas e alguns grupos não identificados, provavelmente remanescentes dos grupos paramilitares de direita, sofreu um significativo crescimento. Além disso, os ataques aéreos contra populações civis se intensificaram, fazendo vítimas de todos os tipos e idades, como ficou claro no episódio em que o governo colombiano alegava ter matado o guerrilheiro Negro Acácio.
Foi com esse espírito que a Colômbia iniciou o processo de negociação para o Acordo Humanitário com a guerrilha, mediado pelo presidente venezuelano Hugo Chavez e pela senadora colombiana Piedad Córdoba. Tal processo de negociação, na verdade, só teve início em razão da forte pressão internacional por uma solução negociada, capitaneada pelos governos de Suécia, Suíça e Venezuela, com alguma participação de França, Espanha e Bélgica, que conseguiram incluir a questão até mesmo em declarações da principal reunião do G8 deste ano.
Assim foi que a Colômbia dispôs-se a uma negociação aparente apenas para dar satisfação à comunidade internacional, sem jamais pretender de fato uma negociação efetiva. E exatamente assim foi feito.
Durante o processo de negociação, a cada nova conversa do presidente venezuelano, ou da senadora colombiana, com representantes das FARC-EP, Uribe fazia novas declarações hostis, aumentava as exigências, descartava atender aos pedidos dos guerrilheiros e aumentava as incursões militares e os anúncios falsos de mortes de lídees da guerrilha. A postura do governo colombiano já começava a deixar claro para o mundo que Uribe não deixaria aquele processo de negociação obter êxito, nem que para isso tivesse que interrompê-lo a qualquer momento. E assim foi feito.
No mês de novembro, de forma inesperada e unilateral, Uribe anunciou, através da imprensa, que Chavez e Córdoba teriam até 31 de dezembro para concluir as negociações pelo Acordo Humanitário. Não fosse o desrespeito do anúncio, que através da imprensa pegou Chavez e Córdoba de surpresa, o prazo exíguo, evidentemente, tornava quase absolutamente inviável o sucesso daquele processo de negociação. Com isso, Chavez e Córdoba, junto aos representantes da guerrilha, buscaram intensificar o processo de negociação.
A intensificação do processo de negociação, que tudo indicava ser bem sucedido, novamente desagradou Uribe, que decidiu interromper, de forma abrupta, a gestão de Chavez e Córdoba como mediadores, causando o fim do processo de negociação e uma crise diplomática entre Colômbia e Venezuela.
O que Uribe não esperava após essa sua decisão, foi o fato de nenhuma nação do mundo, exceto os Estados Unidos que desde o início se mostraram insatisfeitos com as negociações, ter manifestado claro apoio ao seu ato. Além disso, a reação dos familiares dos prisioneiros em poder das FARC, de total apoio a Chavez e Córdoba, reprovando e condenando de forma veemente o ato de Uribe, foi um elemento inesperado. Como última peça da tragédia de Uribe, foram encontradas as provas de vida dos prisioneiros, que as FARC estavam reunindo para entregar a Chavez e Córdoba, conforme exigências do processo de negociação, provando de forma definitiva que a gestão dos mediadores estava em franco avanço no processo de negociação.
Com todos esses fatores, Uribe viu-se impelido a buscar justificativas para o fim daquelas negociações, bem como buscar a retomada do diálogo com a guerrilha com o apoio de mediadores e observadores internacionais. Restava a Uribe a esperança de que os países chamados a colaborar preferissem manter-se observando apenas a distância, em suposto respeitos à “autonomia colombiana”. Com isso Uribe buscou o presidente Francês, Sarkozy, que em outras ocasiões adotara tal postura. Mas dessa vez Sarkozy, de forma inesperada para Uribe, aceitou uma participação mais efetiva no processo de negociação.
Além de Sarkozy, os familiares dos prisioneiros em poder das FARC, pediam ainda a volta de Chavez e a presença de Lula, presidente brasileiro, como mediador e facilitador do Acordo Humanitário. Para a questão de Chavez, Uribe manteve o afastamento, apoiando-se na crise diplomática entre os dois países. Porém, com relação a Sarkozy e Lula, o presidente colombiano fica sem alternativas de escapar à negociação efetiva, em razão dos grande respaldo e prestígio internacional dos dois presidentes, além do peso diplomático de Brasil e França no cenário internacional.
Com tal conjuntura, não tendo como evitar que a participação efetiva de Sarkozy aconteça, além de ver se aproximando a entrada de Lula no processo de negociação, Uribe se vê numa verdadeira encruzilhada, sem alternativas claras para forçar novo fracasso do processo de negociação.
Além da presença dos dois presidentes que Uribe não poderá sabotar nas negociações, a pressão dos familiares dos prisioneiros em poder das FARC cresce a cada dia.
Nos últimos dias, familiares dos prisioneiros estiveram reunidos com o presidente venezuelano e com a senadora colombiana, intensificando sua pressão por negociações humanitárias efetivas na Colômbia. Algumas declarações de familiares, notadamente as de Astrid, irmã da ex-candidata presidencial colombiana, Ingrid Betancourt, caíram como uma bomba no colo de Uribe, desmascarando toda a imagem de boas intenções que o presidente colombiano tentou construir artificialmente, enquanto buscava apenas construir uma imagem negativa da guerrilha entre os colombianos e a comunidade internacional, preparando uma maior ofensiva militar que massacrasse a guerrilha e todos os civis que os apóiam em todo o interior do país.
Nessa sexta-feira, as declarações de familiares que ainda guardavam um certo tom de diplomacia na acusações contra Uribe, ganharam em clareza e objetividade, não mais mantendo qualquer compromisso em não desagradar Uribe.
O marido da prisioneira Ingrid Betancourt, Juan Carlos Lecompte, afirmou, com todas as letras, que Uribe “aposta na solução militar, e isso termina com os reféns mortos”. Tal afirmação vem sendo feita pelas FARC-EP, em inúmeros comunicados, há muito tempo, não sem razão.
Em junho desse ano, Uribe conseguiu a morte de 11, dos doze deputados do Vale del Cauca em poder da guerrilha. As FARC acusam os agentes da operação militar pela morte dos deputados e exigiram que fossem periciados todos os corpos, quando de sua entrega. As informações sobre os resultados das perícias prometidas até hoje não foram divulgados, muito provavelmente por comprovar a responsabilidade das forças oficiais da Colômbia e Estados Unidos envolvidas naquela trapalhada operação.
Diante dessa situação complicada que se aproxima para Uribe, o presidente colombiano ainda tenta novos jogos de cena, tendo anunciado nessa última semana, a aceitação de algumas condições para o estabelecimento efetivo das negociações, tentando evitar que qualquer diálogo seja efetivado diretamente pelos Chefes de Estado brasileiro e Francês. Uribe declarou que aceitaria o estabelecimento de uma zona de negociações, com a extensão pedida pelas FARC, mas descartou a possibilidade de estabelecê-la em Florida e Pradera, conforme exigido pelos guerrilheiros, como também rejeitou desmilitarizar qualquer área, afirmando que estabeleceria uma área onde não existam postos militares ou policiais.
Tais promessas de Uribe, como ficam claras, visam somente tentar imputar às FARC a responsabilidade pelo fracasso das negociações, sem que os presidentes francês e brasileiro entrem nas negociações, legitimando atitudes belicista de Uribe e EUA.
Uribe tem plena consciência de que a exigência de localização das FARC, para estabelecimento da zona desmilitarizada em Florida e Pradera, é feita por serem os locais em que a guerrilha pode chegar com os prisioneiros em segurança. Assim Uribe rejeita tal exigência, inviabilizando que as FARC possam transportar os prisioneiros até a área de negociações, garantindo o fracasso das negociações e imputando a responsabilidade à guerrilha. Além disso, Uribe se recusa a desmilitarizar qualquer área, demonstrando que pretende manter a mobilização militar ao extremo, para poder manter suas incursões e os ataques constantes, inclusive a populações civis, em qualquer localidade que tenha alguma influência da guerrilha.
E nisso, Lecompte, marido de Betancourt, faz o diagnóstico preciso, ao dizer “Não acredito em Uribe, ele busca ganhar tempo, distrair, é desumano. A zona de controle que propõe é vaga, não são os municípios de Florida e Pradera exigidos pelas Farc”.
Entretanto, com a forte pressão exercida pelos familiares dos prisioneiros e a disposição de Brasil e França de buscarem uma efetiva solução pacífica para a questão dos prisioneiros, deixa o presidente colombiano em situação extremamente complicada, oferecendo sério risco aos seus planos.
Pode-se dizer que o “tempo” que Uribe procura ganhar pode acabar nessa segunda-feira, na cerimônia de posse de Cristina Kirchner como presidente da Argentina. Lula já confirmou presença e sua intenção de discutir o assunto com Uribe, efetivando seu ingresso no processo de negociação. O mesmo pode acontecer com a França na mesma ocasião. A própria presidente argentina que será empossada, também pode passar a integrar o processo, após a reunião com Lecompte nessa sexta, onde comprometeu-se a buscar que Uribe efetivamente se sentasse à negociação.
Segundo Lecompte, mesmo a gestão de Chavez no processo não pode ser descartada, pois para ele a entrada de Lula nas negociações é bem vinda, mas “a melhor opção era e é Hugo Chávez, que as Farc admiram e em quem acreditam mais”.
Ele alerta para a situação da Colômbia, com a extrema manipulação da opinião pública por Uribe, que assim como as FARC, compara a Hitler, ao afirmar que a situação do povo colombiano é como a situação do povo alemão “na ascensão do nazismo e no apoio a (Adolf) Hitler”. Ele afirma que “Uribe pode estuprar uma menina na TV que vão aplaudir, vão dizer que ela usava minissaia, que paquerou, essas coisas. Ele tem o apoio dos grandes meios de comunicação para cegar o povo”.
Resta agora saber se Uribe, como tem feito até agora, conseguira, mais uma vez, ludibriar a opinião pública colombiana e a comunidade internacional, além de precisar desmoralizar França e Brasil para alcançar seu objetivo.
É no fracasso dos planos de Uribe que apostam os familiares dos prisioneiros. Depende do fracasso de Uribe e do sucesso da pressão internacional das FARC-EP, por uma solução humanitária para a questão dos prisioneiros, a vida dos 45 prisioneiros em poder das FARC, o futuro dos 500 prisioneiros em poder do governo colombiano e o futuro da própria Colômbia.
Nessa encruzilhada histórica em que se encontra Uribe será definido o caminho de toda a Colômbia: ou rumo a um processo de paz, como desejam as FARC-EP, o povo colombiano e a comunidade internacional, ou no rumo de um verdadeiro banho de sangue que justifique a escalada militar e a continuidade dos massacres e da presença militar estadunidense, como desejam Uribe e Bush.
Tomara o caminho seja a vitória dos desejos das FARC, do povo colombiano, da comunidade internacional, o caminho da paz.
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